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Casamento de duas mulheres terminou sem o tradicional beijo na boca

Casamento de duas mulheres terminou sem o tradicional beijo na boca

Rita e Vanessa casaram legalmente pelo Registo Civil do Cartaxo mas alguns familiares não aprovam

Apaixonaram-se há quatro anos e resolveram dar o nó no fim-de-semana passado. Uma foi vestida de noiva e outra de calça e casaco. Declaradas mulher e... mulher, esperam agora serem felizes no matrimónio até que a morte as separe.

Declaradas casadas, no momento de selarem o matrimónio não houve o habitual beijo na boca. A noiva deu um respeitoso beijo na testa da noiva. Vanessa Alemão e Rita Batista trocaram alianças no primeiro casamento de mulheres feito pelo Registo Civil do Cartaxo, que já tinha casado dois homens desde que entrou em vigor a lei dos casamentos homossexuais em 2010. A cerimónia decorreu no Restaurante KK no Vale de Santarém no dia 4 de Agosto com três dezenas de convidados. Em cima da hora Rita, 30 anos, natural de Vale da Pinta, Cartaxo, vai andando de um lado para o outro a soprar de nervos à espera de Vanessa, 29 anos, natural de Lisboa. Vanessa aparece minutos depois das 16h00 num Porsche descapotável de um amigo. Apresenta-se de vestido branco de noiva porque “o sonho de qualquer mulher é casar vestida de noiva”, explica. Rita está ao pé da mesa onde a funcionária do registo prepara os papéis à espera, vestida de calça e casaco. “A Vanessa é mais feminina e eu não acho tanta piada a esse tipo de coisas. Sou mais desportiva. Não deixo de ser feminina mas não tenho esse lado tão marcado”, explica a noiva de Vale da Pinta.De alianças nos dedos as noivas seguem de mãos dadas por uma passadeira verde no pátio até à porta do restaurante onde as mesas estão compostas de salgados, gambas, bolos, frutas. O bolo da noiva tem dois bonecos à imagem das casadas. À entrada há uma mesa com envelopes junto a um cartaz que diz: “lembranças para as noivas”. Os convidados atiram arroz e flores sobre as cabeças das duas mulheres que se tratam por amor. Cada uma considera também que a outra é a sua mulher. Toca a música, os convidados reconfortam o estômago. Os familiares directos de Vanessa esboçam sorrisos de contentamento. Rita só teve um tio no casamento. A restante família não é a favor do enlace. Mas isso não a preocupa. “Eu estou cá, é a minha opção e a vida continua”. Rita diz que descobriu a sua tendência sexual ainda na adolescência. Foi militar da Força Aérea e conheceu a agora mulher há dez anos apresentada por uma amiga. Mas só há quatro anos nasceu o amor. Vinda de um meio pequeno como Vale da Pinta, a noiva de 30 anos diz que há olhares que dizem tudo, que revelam a crítica das pessoas, mas sublinha que ignora essas coisas porque “não tenho que me afirmar perante ninguém. Tenho que seguir a minha felicidade”. Considera que chegar ao casamento “foi uma vitória”. Vanessa já tinha sido casada e tem uma filha. Sobre o que a levou a apaixonar-se por uma mulher tem uma explicação bem clara: “Os homens não sabem fazer amor”.
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