uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Perdidor Serafim das Neves

Quero começar por aplaudir o homem que atirou o ovo à ministra da Agricultura. Luís Santos é um exemplo para todos nós pela elegância e bom gosto de toda a operação. Escolheu criteriosamente o ovo, comprando-o no comércio tradicional; escolheu criteriosamente a quem atirar o ovo porque um ovo é, para todos os efeitos, um produto agrícola; escolheu criteriosamente o local porque atirar um ovo para um palco como o do Sá da Bandeira, em Santarém, é muito mais refinado do que atirar um ovo a alguém no meio da rua ou contra os vidros de um carro oficial e escolheu criteriosamente a palavra com que acompanhou o gesto porque “aldrabões” é português escorreito e antigo sem qualquer aroma a acordo ortográfico nem possibilidade de redução a três ou quatro caracteres numa mensagem de telemóvel ou facebook. Por último realço o facto de não ter acertado na ministra. Não sei se fez de propósito ou se foram os reflexos da vítima que jogaram a favor de um epílogo asseado mas seja como for, foi bem melhor assim. O que tem graça e provoca adrenalina é o quase; é o passou a rasar ou o passou de raspão. Um ovo partido na cara de uma ministra podia ter efeitos perversos. A senhora passava de ministra a vítima. Iria ser confortada pela alma caridosa dos portugueses. O agressor seria crucificado...enfim...agradeçamos todos aos deuses a falta de pontaria do atirador.Ferreira do Zêzere proclama-se a Capital do Ovo. Luís Santos é o verdadeiro homem do ovo. O que vale mais em termos simbólicos? A maior omeleta do mundo ou um ovo atirado à ministra da Agricultura? A Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere deveria atribuir a medalha de ouro do concelho ao homem do ovo. É da mais elementar justiça que o faça. Luís Santos é de Riachos mas deve ser considerado cidadão honorário da Capital do Ovo. Fica aqui a minha humilde proposta.Assinalas no teu último e-mail a cura total do presidente da Câmara Municipal de Santarém, Moita Flores. É verdade, como o prova o regresso à escrita, que à câmara não regressou ainda apesar de tantas saudades ter deixado entre aqueles que são dados às coisas das saudades. Num dos últimos textos do blog compara a manifestação “Que se lixe a troika queremos a nossa vida” às manifestações que ele mesmo protagoniza no estádio de Alvalade a gritar contra os árbitros. “Vamos aliviar a goela e berrar as nossas angústias. Sei bem o que isso é. Já fiz esse exercício em Alvalade contra o árbitro, contra as equipas que lá vão dar-nos pancada mas o resultado é inexorável: o Sporting continua sem ganhar um campeonato”. Linda, linda esta metáfora. Berrem, berrem que há-de valer-vos de muito, diz o Moita Flores no seu floreado estilo. É ele em Alvalade a aliviar a goela e os credores à porta da Câmara de Santarém. E é no meio destas cantorias que nós vamos.O que me intriga é o facto de o blog deste ex-enfermo se chamar Projétil. Será para respeitar o acordo ortográfico? Ou será que o ex-polícia quis marcar a diferença entre os projécteis que são disparados pelas armas e outros projécteis que, embora tenham formato idêntico, se enfiam num sítio que eu cá sei para tratar de certas doenças?Saudações megafónicasManuel Serra d’Aire

Mais Notícias

    A carregar...