Esta subida de divisão e as vitórias individuais de alguns jogadores do Cine Clube e de outras colectividades do distrito servem bem para ilustrar a declaração de Hugo Ribeiro, elemento da equipa torrejana. “O xadrez no distrito de Santarém está bastante activo, existe é uma grande falta de divulgação do trabalho realizado por jogadores, dirigentes e colectividades”, disse.A Secção de Xadrez do Cine Clube de Torres Novas é uma das mais antigas em actividade no distrito. Foi criada há mais de vinte anos, tem tido os seus altos e baixos e durante vários anos esteve a competir em conjunto com o Grupo de Xadrez de Torres Novas. “Há cerca de três anos, porque essa situação limitava a acção dos dois clubes, resolvemos voltar à primeira forma e a competir cada um com as suas equipas, sem que para isso houvesse qualquer litígio”, disse o coordenador da Secção Diogo Alho.Daí para cá a Secção de Xadrez do Cine Clube tem feito um trabalho de excelente qualidade. “Temos duas equipas a representar o clube equipa A que vai disputar a Segunda Divisão Distrital, e a equipa B que está a disputar a Terceira Divisão Nacional. A subida foi um excelente prémio para o trabalho realizado”, disse Hugo Ribeiro.Mas na Secção do Cine Clube não se pensa só nas equipas e nos doze jogadores que estão aptos a integrá-las, (cada equipa é composta por quatro tabuleiros, ou seja quatro jogadores). “Temos uma secção de formação que dá aulas de xadrez a quem estiver interessado, seja adulto ou criança. Estamos bastante satisfeitos com a adesão das pessoas”, garantiu Hugo Ribeiro.Nos últimos tempos o xadrez tem tido um grande desenvolvimento a todos os níveis, por isso a subida foi ainda mais saborosa. “Hoje o xadrez já tem poucos segredos, é um jogo que obriga a uma grande concentração, mas também a um grande estudo dos adversários, a Internet é uma boa ferramenta de trabalho, porque permite a preparação dos jogos, acedendo ao site da FIDE - Federação Internacional de Xadrez conseguimos chegar com grande rigor à forma de jogar da equipa e jogadores que vamos defrontar”, garantiu o dirigente.Isto também acontece porque agora um jogador que é inscrito na Federação Portuguesa de Xadrez, e fazendo um determinado número de jogos nos campeonatos é também obrigatoriamente inscrito na FIDE. “O ranking de todos os jogadores FIDE está activo no site”, disse Hugo Ribeiro.O xadrez é um jogo que tanto pode ser jogado por adultos como por crianças. “Há jovens de 10 anos a competir e a vencer alguns dos melhores jogadores adultos”, disse Hugo Ribeiro, acrescentando que o xadrez é um jogo que ajuda muito a fazer um autocontrolo e para quem quer estudar matemática é uma excelente ferramenta. “Eu próprio posso testemunhar isso. Na escola era um aluno medíocre a matemática, depois de começar a jogar xadrez, tudo se inverteu e hoje uso a matemática com grande à-vontade na minha profissão”, diz o engenheiro Hugo Ribeiro.Na Secção de Xadrez do Cine Clube de Torres Novas também se vive da carolice de alguns dos jogadores, que fazem um pouco de tudo, jogam, representam o clube e patrocinam as inscrições, os exames médicos e as viagens. “Gostamos do que fazemos e sentimo-nos recompensados com a subida de divisão”, disse Diogo Alho.A organização de torneios tem sido muito importante para o desenvolvimento da modalidade. “Temos tido um excelente nível de participação nos nossos torneios, os elogios que recebemos têm sido importantes para a nossa continuação e levam a que nos sejam atribuídos torneios de grande envergadura. Neste momento estamos a realizar um torneio de categoria FIDE, que nos foi atribuído , em reconhecimento do nosso trabalho”, afirmou o dirigente.“A Secção de Xadrez do Cine Clube de Torres Novas tem a porta aberta a quem queira vir jogar ou aprender a modalidade. “Temos a porta aberta e há sempre alguém disponível para atender quem nos contacte. O desenvolvimento da modalidade é o nosso grande objectivo”, garantiu Hugo Ribeiro.O mestre nacional Diogo AlhoDiogo Alho é o jogador mais categorizado da Secção de Xadrez do Cine Clube de Torres Novas. Tem a categoria de mestre nacional, a categoria que antecede a passagem à categoria de mestre FIDE, a primeira que classifica como grande mestre.O agora mestre nacional começou a jogar muito jovem. “Aos quatro anos comecei a mexer nas pedras, o meu pai andava a aprender a jogar e eu ia para junto dele e também ajudava a mudar as pedras, foi a partir daí que me apaixonei pelo xadrez”, disse Diogo Alho.“Aos dez anos joguei a minha primeira partida oficialmente”, disse Diogo Alho, acrescentando que ao contrário do que muita gente pensa, jogar xadrez não é nenhum “bicho de sete cabeças”. “Aprender a jogar é só uma questão de gostar e alguma concentração”, garantiu.Diogo Alho jogou no Cine Clube até ir para a universidade, em Coimbra jogou na Académica e quando voltou a Torres Novas tratou, em conjunto com outros antigos jogadores, de revitalizar a Secção do Cine Clube. “É um trabalho aliciante e estamos a ter frutos”.Passou por todas as categorias e chegou a mestre nacional. “É preciso uma grande dedicação, para se atingir esta categoria”, disse Diogo Alho, que garante que a sua ambição é chegar a mestre FIDE. “Mas isso não é uma obsessão, tudo chegará a seu tempo”, garante o homem que diz que o xadrez é o seu grande hobby.