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“É gratificante sentir o alívio dos outros”

“É gratificante sentir o alívio dos outros”

Margarida Paulos, 49 anos, empresária, Fátima

Interessou-se desde muito cedo pelas medicinas alternativas e, já com 30 anos, decidiu não contrariar mais aquela que considera ser a sua verdadeira vocação. Há seis anos abriu em Fátima a MedNatur - Centro de Medicinas Complementares. É casada, tem uma filha e vários animais que considera os seus melhores antidepressivos. Optimista por natureza, é uma pessoa de muita fé e que tem sempre um sorriso para oferecer aos outros.

Em criança dizia que queria ser costureira. Ainda andei a aprender costura mas a prática fez-me mudar de ideias. Durante muitos anos ajudei os meus pais a vender em feiras. Aos 20 anos comecei a trabalhar num hotel em Fátima. Lembro-me que, quando era miúda, ia a casa de uma vizinha e havia lá um livro de massagens e pensava que um dia ia querer fazer aquilo. Mais tarde, por volta dos 15 anos, encontrei um kit de óleo de massagens e comecei a fazer massagens em casa. Cada vez sentia mais vontade de continuar a aprender e fazer. Mais tarde conheci várias pessoas que me levaram a ter outra percepção do mundo e a interessar-me por chás, ervas e pela cura através de plantas. A minha entrega às medicinas alternativas mudou a minha maneira de pensar e de agir com os outros. Gosto de ir à praia, seja no Verão ou Inverno, e caminhar à beira-mar. É onde carrego energias para a semana de trabalho. Mesmo que chova, se estiver dentro do carro a olhar para o mar, é muito bom. Também gosto de fazer a vida doméstica, a lida da casa. Sou casada e tenho uma filha de 23 anos que está independente em Lisboa. Só depois de ter sido mãe é que fui tirar o 9.º ano, seguindo-se muitas formações. Participo em muitas feiras desta temática para aprender e divulgar. Os meus animais são os meus antidepressivos. Tenho três cães e alguns gatos. Quando estou em baixo e brinco com os meus animais liberto-me das más energias. Vivo em Santa Catarina da Serra, a cinco quilómetros de Fátima, mas numa freguesia que já pertence ao distrito de Leiria. Actualmente, estou a cuidar da minha mãe com 80 anos que sofre de Alzheimer. Ao fim-de-semana não abro a empresa ao público mas faço atendimento ao domicílio.Gosto de trabalhar. Há cinco anos decidi abrir a MedNatur, um espaço dedicado às terapias alternativas, onde há várias especialidades, como a acupunctura e a osteopatia. Também aposta na componente estética. Comecei por fazer massagens terapêuticas mas também sei fazer massagens de relaxamento. No fundo cuidamos do corpo e da alma. Para rentabilizar o espaço trabalham aqui vários especialistas como terapeutas da fala ou psicoterapeutas. Sinto que há pessoas que entram aqui de pé atrás. Ainda há preconceitos em relação às medicinas alternativas porque a cura é conseguida sem exames ou fármacos. As pessoas acham estranho como é que se cura alguém através da íris ou da planta dos pés. Gosto de fazer uma massagem de relaxamento com uma velinha acesa e um pau de cheiro. Para relaxar as pessoas tenho que estar relaxada. Tento ter um ambiente harmonioso.Hoje em dia o que as pessoas precisam mais é de ser ouvidas. Chegam aqui muito enervadas, entram aqui, olham para a prateleira dos produtos, queixam-se de dores de cabeça mas não vêm para comprar nada. Precisam de um escape. Ás vezes, chego a estar uma hora a conversar com alguém que, no final, sai e agradece porque está mais aliviada. Ás vezes é mais fácil falar com um estranho do que com os nossos familiares que ficam fartos das nossas queixinhas. Mesmo que não receba nada em troca, é gratificante sabermos que a pessoa chegou mal e saiu bem.É gratificante sentir o alívio dos outros. Um dia notei que uma senhora estava com bastantes dificuldades em entrar e sair do carro, com dores nas costas. Cheguei perto dela e ofereci-me para ajudar e fazer uma massagem. Estive ali meia hora com ela e melhorou rapidamente. Passado dois dias veio oferecer-me uma planta como forma de agradecimento. Também tenho a história de uma senhora que entrou aqui de muletas e saiu a andar bem. Acordo sempre a pensar que o dia de hoje vai ser melhor que o anterior. Acordo a sorrir porque tenho um dia maravilhoso à minha espera e gosto de sorrir para os outros. Sou uma pessoa de muita fé e agradeço todos os dias a Deus por mais um dia passado. Não é preciso ir ao Santuário de Fátima para falar com a “Mãe”, como lhe chamo. Sinto que trabalho através de Deus. Temos que agradecer constantemente a ajuda D’ Ele. Sou uma pessoa passiva, alegre e tenho sonhos como toda a gente. Gostava de conhecer a Índia e o Japão, países onde as medicinas alternativas nasceram. Elsa Ribeiro Gonçalves
“É gratificante sentir o alívio dos outros”

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