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Desempregados nos centros de emprego aumentam ligeiramente na região

Em Vila Franca de Xira vive-se a situação mais preocupante área de abrangência de O MIRANTE. O nosso jornal foi conhecer a realidade de três desempregados
Nos primeiros oito meses do ano o número de desempregados inscritos nos centros de emprego da região teve um aumento, mas ligeiro. Em Janeiro estavam inscritos 23780 pessoas e em Agosto eram 24056, um aumento de 276. De entre os desempregados o maior aumento, 21 por cento, foi o de pessoas com cursos superiores, apesar de ter existido uma ligeira diminuição do desemprego jovem, contrariamente à faixa etária entre os 34 e os 54 anos. Fora do distrito de Santarém é no concelho de Vila Franca de Xira que o desemprego tem aumentado consideravelmente, passando de 7487 em Janeiro para 8266 em Agosto. Mas em Setembro houve um pequeno recuo para os 8080 desempregados.As explicações para o ligeiro aumento do desemprego, contrariamente ao que aconteceu noutras regiões, podem estar na internacionalização das empresas e na capacidade de os empresários enfrentarem a crise. Mas há outras variáveis, como a emigração, a abertura de negócios próprios por parte de desempregados ou a entrada destes em programas ocupacionais ou estágios remunerados do Instituto de Emprego.Houve concelhos onde o número de inscritos se mantém estável e noutros onde até diminuiu, como é o caso de Abrantes que passou de 2710 para 2582. Em Setembro neste concelho houve um ligeiro aumento mas mesmo assim abaixo do que se registava no início do ano. Almeirim é outro dos concelhos onde os números vêm baixando lentamente. Azambuja, afectada há uns anos pelo fecho da fábrica da Opel, tem agora um desemprego sem alterações bruscas e que se situa entre os 1110 de Janeiro e os 1015 de Agosto. Os concelhos do distrito de Santarém com situações mais preocupantes são Santarém onde aumentaram em 199 as inscrições no centro de emprego relativamente aos 3052 inscritos que existiam em Janeiro. Se bem que no mês de Setembro houve uma ligeira diminuição. Benavente é outro concelho onde os números causam alguma inquietude. De Janeiro para Agosto passou-se de 1807 desempregados inscritos para 2044. E de Agosto para Setembro houve um aumento de mais sete. “Já enviei mais de 200 currículos”Susana Duarte trabalha desde os 19 anos e, até hoje, com 34, já teve muitas actividades. Foi administrativa numa editora e num instituto de línguas, agente de telecomunicações móveis e passou seis anos num centro de cópias e web design. Em 2009 decidiu frequentar a licenciatura de Multimédia da Escola Superior de Educação de Santarém e percebeu, no último ano de curso, que gostaria de ser professora. Inscreveu-se na plataforma do Ministério da Educação e concorreu a escolas do concelho de Santarém. Foi colocada na Secundária do Cartaxo e na EB 2/3 de Riachos no ano lectivo 2009-2010. No ano seguinte cumpriu como professora na EB 2/3 de Alpiarça. O curto trajecto como docente foi travado no ano lectivo 2011-2012, ao não conseguir ser colocada em nenhuma escola do distrito de Santarém. Não tem grande esperança de encontrar emprego na área do ensino e procura outras soluções. “Já enviei mais de 200 currículos, respostas a pedidos de emprego e cartas espontâneas, para Santarém mas também para a zona de Lisboa. Em 90 por cento dos casos, principalmente da capital, nem sequer respondem”. Se não conseguir encontrar trabalho terá de voltar para casa dos pais, já que o subsídio de desemprego acaba em Março de 2013. Emigrar será sempre um último passo, porque não quer ficar longe da família e amigos.“Não gosto de estar parada”Sandra Coentro, 36 anos, está desempregada há quatro meses. Reside numa aldeia da freguesia de Paialvo, a 15 quilómetros de Tomar, pelo que, sem transporte próprio, cada vez que vai à cidade é obrigada a fazer contas à vida. “São 3,20 euros para cada lado, por isso determino uma tarde da semana para ir ao Centro de Emprego e dar todas as voltas que tenho para dar”. A pasta preta que traz consigo contém o currículo, que decidiu complementar com uma apresentação sobre a sua pessoa onde refere que “não gosta de estar parada”. Ficou desempregada em Maio deste ano, após um trabalho temporário numa creche, “em condições muito precárias”, na zona da Sertã. Regressou a Tomar, onde tem mais apoio familiar e novas oportunidades de um trabalho. “Nunca pensei estar quatro meses sem conseguir uma mera possibilidade de trabalho. Se pudesse, hoje mesmo, emigrava mas tenho uma filha na escola”, confessa. Ao longo de 16 anos, Sandra Coentro já conta várias experiências profissionais. O emprego de maior duração, cerca de sete anos, foi numa empresa de produtos automóveis, onde chegou a assumir um cargo de gerência. As deslocações de casa para a empresa, cerca de 75 quilómetros diários, não compensavam e decidiu sair. Deu formação na área de informática, trabalhou em lares, foi caixa num supermercado e ajudante de cozinheira. “A primeira coisa a fazer por quem procura trabalho é ter vontade de trabalhar”, ilustra. Frequenta a cantina social e, se não fosse essa comida, “estava a passar fome”, desabafa.Desemprego serviu para fotografarRicardo Peixeiro, 35 anos, residente em Vila Franca de Xira, ficou desempregado há dez meses. Em vez de cruzar os braços e sentar-se à mesa do café o programador informático decidiu pegar na máquina fotográfica e dar asas a uma paixão que, quem sabe, poder-se-á tornar na próxima profissão. Se o ramo da informática continuar lotado Ricardo Peixeiro não põe de lado a hipótese de mudar de área. Se for preciso também sairá do país. Em 15 anos de carreira Ricardo Peixeiro mudou de emprego várias vezes. Tudo se complicou quando a firma de consultadoria informática, onde trabalhava há ano e meio, decidiu rescindir contrato. Muitas das ofertas de trabalho, admite Ricardo Peixeiro, não são reais. Apesar de serem chamados para entrevistas os candidatos apenas entram na base de dados das empresas para necessidades eventuais. O subsídio de desemprego, equivalente a 65 por cento do seu ordenado, serve para pagar as prestações da casa e do carro e subsistir sem cortes nas necessidades básicas. O dinheiro dá para as despesas até porque deixou de ter que comprar o passe para ir de comboio para ir para Lisboa e de tomar as refeições fora. OpiniãoUma região dinâmica, inovadora e competitivaEstes dados realçam que a nossa região está a reagir melhor ao problema da crise económica. As razões têm muito a ver com a heterogeneidade do nosso tecido económico e também com o aumento significativo da internacionalização das nossas empresas. Assim, estamos perante uma região dinâmica, inovadora e competitiva. As nossas empresas e os seus empresários devem estar satisfeitos por estarem a resistir bem. Não querendo manipular os dados, a Nersant terá uma ponta de responsabilidade no que de bom tem acontecido, pois temos trabalhado muito com as empresas, incentivando-as na procura de novos destinos para os seus produtos e serviços e na aposta na formação dos nossos empresários. Não será alheio que nos últimos 4 anos, cerca de 500 empresários tenham tido apoio, nomeadamente em acções de formação, que muito ajudaram na tomada de decisões estratégicas.António Campos presidente da comissão executiva da Nersant

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