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Ana Catarina Diogo

Ana Catarina Diogo

19 anos, empresária, Vila Franca de Xira

“Vi as últimas cargas policiais sobre os manifestantes em Lisboa e acho que a polícia está tão mal como nós. E tal como nós não queremos perder o nosso emprego eles também não, por isso têm de se sujeitar às ordens que lhes dão”.

Se um estranho a convidasse para sair, aceitava?Não, sou comprometida (risos).Devemos ficar optimistas ou pessimistas com esta crise?Pessoalmente não tenho optimismo nenhum. Há um ano que estou a trabalhar bastante e não vejo sinais de recuperação. Não há incentivos a quem trabalha. Trabalho há um ano e ainda não tirei um mês de ordenado para mim, a fazer 13 e 15 horas de trabalho por dia. É muito desmotivante. Este país devia criar empregos, dar valor ao dinheiro que se gasta na educação, aos investimentos que fazemos em licenciaturas e cursos profissionais. Quem nos governa devia dar condições aos jovens para criar uma vida que permita ter uma vida confortável. Não falo de uma vida de riqueza, mas apenas que permita viver confortavelmente. Era capaz de assaltar um banco?Não, de forma nenhuma. Se visse alguém a assaltar um banco nem faço ideia o que fazia, mas possivelmente chamava a polícia. É a favor dos jovens que emigram?É uma decisão que apoio. O ideal seria ficarmos cá todos em Portugal mas as pessoas precisam de viver e têm de agarrar as oportunidades que encontram. Se as únicas oportunidades que existem são no estrangeiro, então fazem bem, eu própria penso muito em ir trabalhar para outro país.O que mais lhe agrada: um estádio de futebol ou uma igreja?O estádio de futebol (risos). Sou do Benfica mas praticamente não vejo televisão, trabalho bastantes horas. A touca é o acessório que mais detesto na cozinha mas adoro as facas (risos). Sente-se segura quando sai à rua em Vila Franca de Xira?Sim, embora de há um ano para cá tenha começado a ver uma parte de Vila Franca que não conhecia, um lado muito violento. A criminalidade começa a notar-se e já assisti na cidade a coisas muito graves. Os jovens até são um dos nossos maiores valores mas a cidade afasta-os.Se pudesse criar uma revista, que assunto tratava?Criava uma revista sobre cultura e que abrangesse também ciências e artes, de que gosto muito.Transporte público ou carro?A pé. Eu venho quase sempre a pé para o trabalho. É um bom exercício.Se pudesse falar com o primeiro-ministro, o que lhe dizia?Que me deixe viver. Trabalhar e viver. Vi as últimas cargas policiais sobre os manifestantes em Lisboa e acho que a polícia está tão mal como nós. E tal como nós não queremos perder o nosso emprego eles também não, por isso têm de se sujeitar às ordens que lhes dão. Acho que se eu me vou manifestar contra a situação do nosso país e me vou virar contra outra pessoa que está como eu, a passar dificuldades, não faz sentido e não é justo.Era preciso construir uma nova biblioteca tão cara em Vila Franca?Não, a biblioteca que temos é boa, não precisávamos de mais uma.
Ana Catarina Diogo

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