Sílvia Sousa
34 anos, directora comercial/gerente Casas do Gótico, Santarém
“Os portugueses não aguentam mais austeridade porque a classe que está a suportar esta austeridade não consegue ter rendimentos para sobreviver. Existe muito onde cortar mas não nas carteiras dos mais pobres, que é o que está a acontecer”* * *“Ainda temos de mudar muito a mentalidade de todos para chegar ao patamar de igualdade entre homens e mulheres. No entanto, as mulheres comprovam cada vez mais que são muito superiores aos homens”
Os portugueses aguentam mais austeridade?Os portugueses não aguentam mais austeridade porque a classe que está a suportar esta austeridade não consegue ter rendimentos para sobreviver. Existe muito onde cortar mas não nas carteiras dos mais pobres que é o que está a acontecer. Quem tem mais dinheiro deve contribuir mais para a redução do défice.Já ponderou emigrar?Neste momento não posso emigrar porque assumi vários compromissos empresariais mas, se não o tivesse feito, teria emigrado há algum tempo.Concorda com o casamento entre pessoas do mesmo sexo?Concordo, porque todas as pessoas são livres de se amarem independentemente do sexo de cada um. Dois homens ou duas mulheres podem ser tão felizes quanto um casal heterossexual. Já fez voluntariado?Nunca fiz voluntariado, no entanto gostaria de fazer uma missão nos países mais pobres para conhecer uma realidade tão diferente daquela que vivemos.Ir ao cinema é um luxo?Actualmente ir ao cinema é um luxo. Os bilhetes são caríssimos e a política de marketing devia ser exactamente o contrário do que está a acontecer. O preço dos bilhetes devia ser reduzido para incentivar as idas ao cinema. Vou várias vezes ao cinema mas através dos pontos do cartão de uma marca de combustíveis.Já comprou alguma prenda de Natal? Este ano ainda não comprei nenhuma prenda e vai ser como o ano passado, apenas para a família mais próxima. Não podemos estar a gastar dinheiro em prendas. Natal é a união e o convívio com a família.Os portugueses têm mesmo que aprender a empobrecer?Todos os dias estamos a empobrecer mais e muitos de nós estamos a cortar em tudo, incluindo na comida. O que me preocupa mais são os casais que têm filhos e perdem os empregos. Como é que vão poder alimentar os filhos e pagarem as suas contas? Tudo o que se está a passar em Portugal é muito grave e preocupante.O que faz falta em Santarém?A autarquia deveria incentivar a aposta no investimento empresarial. Já que não consegue atrair esse investimento deveria, pelo menos, ter mantido o que já existia. Infelizmente deixamos de ter, praticamente, zona industrial. Não existe trabalho em Santarém, é uma cidade dormitório de Lisboa e, geograficamente, estamos muito bem posicionados. Deveríamos aproveitar melhor todas as vantagens do concelho.De quem é a culpa dos ataques de cães de raça perigosa?A culpa é de quem os educa e a forma como os educa. Os animais têm que ser educados como as pessoas. Se são agressivos é porque foram ensinados ou incentivados a ter esse comportamento.A crise tem solução?Sim, temos que nos adaptar às novas realidades, sermos competitivos. O governo português deveria apostar numa grande riqueza que temos que é o turismo, criando condições para que milhões de visitantes façam do nosso litoral um ponto de passagem obrigatório. Mas para isso temos que oferecer boas condições, bons preços, vantagens. Se vir uma pessoa em apuros na estrada pára para ajudar?Se vir alguém em apuros na estrada páro. Hoje é ele mas amanhã posso ser eu. Temos que nos tornar mais humanos e ajudarmos o próximo.Já se pode falar em igualdade entre homens e mulheres?Não. Ainda temos de mudar muito a mentalidade de todos para chegar a esse patamar de igualdade. No entanto, as mulheres comprovam cada vez mais que são muito superiores aos homens.Os amigos são os melhores psicólogos?Nem sempre, porque muitas das vezes não ouvem, limitam-se a criticar. E a maioria das pessoas acaba por não desabafar o que lhe vai lá dentro. Temos que ser mais ouvintes e menos críticos. É isso que faz um psicólogo, não critica apenas ouve e aconselha sem recriminar.
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