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Emblemático Manuel Serra d’Aire

Alguns dos nossos velhos dinossauros autárquicos parecem ter descoberto ao fim de décadas de actividade político-partidária os defeitos da “partidarite” aguda. O presidente da Câmara de Almeirim, Sousa Gomes (PS), há mais de duas décadas no cargo, anda envolvido num movimento independente porque não concorda com o modelo de escolha do candidato por parte do seu partido e diz-se “desencantado com a situação político-partidária” e com a “partidarite de pessoas que integram os partidos”. Já o presidente da Câmara de Benavente, António Ganhão (CDU), no cargo há cerca de três décadas, diz que se demitiu da vice-presidência da Associação Nacional de Municípios após um congresso em que se valorizou o acessório e se passou uma imagem de “partidarite” que motivou clivagens entre os autarcas.Surpreende-me que só agora estes dois autarcas, coincidentemente em final de carreira devido à limitação de mandatos, tenham dado conta das imperfeições da “partidarite” que afecta o nosso país desde 1974 e onde assenta a democracia em que vivemos, o menos mau dos regimes conhecidos. É como um nutricionista abusar dos enchidos e depois vir queixar-se do colesterol elevado. Fazem-me lembrar aqueles padres que ao fim de 30 anos de celibato descobrem que os prazeres da carne valem muito mais do que uma vida de sacerdócio e rompem com o sistema onde se enquadravam para rasgar novos horizontes.E por falar em enchidos e nos prazeres da carne tenho de deixar aqui um elogio à organização do Festival da Cachola e da Morcela que se realizou em Alcanena, esperando que para o ano abram o certame também ao chouriço, à farinheira e ao salpicão. E pepinos e tomates para acompanhar. Porque, estou convencido, festivais como esse são um contributo prático para o aumento da taxa de natalidade no país. As formas fálicas dos alimentos aliadas aos temperos recheados de especiarias afrodisíacas podem funcionar como despertadores da libido e a malta bem necessitada está de tais artifícios, porque esta crise dá-nos cabo da tusa e algum dia não há quem faça bebés.Os moradores do prédio de Vila Franca de Xira que ameaça desabar não querem sair de casa e eu acho que percebo porquê. Conhecendo-se a costela de mirone que habita cada português, sempre pronto a não perder pitada de tudo o que é desastre ou catástrofe, pelos vistos os condóminos querem estar literalmente em cima do acontecimento (embora se sujeitem a ficar depois por baixo) caso algum acontecimento digno de realce se passe por aquelas bandas. O Papa Bento XVI veio desmontar o conceito de presépio que por cá vigorava há séculos, alegando que a vaca e o burro estão a mais na representação do nascimento de Cristo como por cá é conhecida. Habitualmente não me meto em assuntos tão elevados. Mas como estamos perto do Natal e isto mexe com as nossas tradições não posso deixar de protestar pelo descaramento do Papa, que nos quer roubar os dois simpáticos animais (muitas vezes associados a alguns exemplares da espécie humana) deixando que um forreta com o nome de Gaspar, que ainda por cima teve a pouca-vergonha de oferecer incenso como prenda ao menino Jesus em vez de lhe dar uma coisa mais útil, continue por lá como se nada fosse com ele.Embrenhado nestas heréticas reflexões me vou. Um abraço do Serafim das Neves

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