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Jogos de futebol sem policiamento geram poupança aos clubes apesar dos riscos

Os desacatos num jogo podem aumentar sem a presença de uma força policial

As equipas seniores de futebol já não são obrigadas a contratar policiamento para os jogos que disputam em casa graças ao decreto-lei n.º 216/2012 que já entrou em vigor. A mudança já está a permitir a muitos clubes poupar algum dinheiro, mas existe também o risco de os conflitos aumentarem.

A Associação Recreativa do Porto Alto (AREPA) e o Barrosense são apenas dois clubes da região que já estão a realizar jogos das equipas seniores em casa sem policiamento para conseguirem poupar algum dinheiro. A aplicação da nova lei do policiamento de espectáculos desportivos permite aos clubes deixarem de requisitar policiamento desde que garantam a presença de responsáveis de segurança. Se a medida é bem vista em tempos de crise para os clubes, também aumenta o sentimento de insegurança e pode levar a um aumento dos desacatos. “Uma bolha de oxigénio para os clubes”. É deste modo que o presidente da Associação de Futebol de Santarém, Francisco Jerónimo, classifica o decreto-lei 216/2012, que vem permitir “aos clubes reduzirem os custos com os jogos”. Francisco Jerónimo ressalva que em caso de jogos com um elevado risco deve continuar a ser solicitado o policiamento. A AREPA é uma das associações que já realizou alguns jogos em casa substituindo os militares da GNR por voluntários que vestiram um colete para se identificarem como seguranças. “Os clubes estão na penúria, atravessam grandes dificuldades e tudo o que nos ajude a poupar é bom”, nota o presidente António Lameiras. No mesmo sentido alinha o presidente do Barrosense, José Rodrigues, que vai conseguir poupar cerca de 120 euros por cada jogo em casa. “Não tenho dúvidas que a maioria dos clubes se vai querer livrar desta despesa. Temos orçamentos muito pequenos e existem outros encargos a que não podemos escapar, como as taças de jogo ou os apoios à equipa técnica”, explica. O Grupo Desportivo de Benavente é um dos que não pretende para já abdicar de policiamento, mesmo tendo de despender cerca de 450 euros por mês. “Em casa não temos tido muitos problemas, mas existe sempre receio de que possa acontecer alguma coisa”, avisa o presidente da comissão administrativa, Mário Marques. O número elevado de espectadores em casa, em média 100 pessoas, gera algumas preocupações. Existe também o problema de arranjar voluntários que estejam dispostos a desempenhar o papel de seguranças. “É difícil estar a pedir a alguém para tomar conta da segurança de um jogo e ser responsável por algum desacato. Já é difícil arranjar voluntários para as associações, quanto mais para este tipo de tarefa”, nota o dirigente. Espírito Santo, presidente da Associação Desportiva de Mação, também não pretende abdicar do policiamento, mas pondera no futuro, contratar uma empresa de segurança privada se sair mais barato.“Uma lei que vai do oito ao oitenta”Um árbitro da região, que pediu o anonimato, explica que “a presença de policiamento é muito importante não só para os árbitros como para os próprios espectadores”. “Sem polícia a pressão para os árbitros vai ser muito maior e a sua presença dissuade sempre maus comportamentos”, repara. O árbitro compreende “a situação difícil que vivem os clubes”, mas considera que se está a ir do “oito ao oitenta” e que é preciso mais tempo para encontrar alternativas. “Que formação é que tem as pessoas que os clubes vão indicar para realizar a segurança? No caso de um incidente essa pessoa será capaz de escrever no relatório contra o clube que o designou para estar ali?”, são algumas das questões que deixa no ar.Clubes pretendem abdicar de policiamento nas camadas jovensO decreto-lei nº. 216/2012 também prevê que o Estado deixe de comparticipar o policiamento em jogos da categoria de juvenis e inferiores, como acontecia até então. Foram muitos os protestos que a medida suscitou, levando até a Associação de Futebol de Lisboa (AFL) a suspender os campeonatos distritais de futebol e futsal sob sua organização. O Ministério da Administração Interna (MAI) decidiu entretanto manter os procedimentos que já existiam nas camadas jovens para permitir a adaptação dos clubes. Ao contrário das equipas seniores, os dirigentes com que O MIRANTE conversou mostraram menos reservas em relação à contratação de policiamento para estas camadas e vão pedir a colaboração dos pais.

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