O rapaz que há tempos foi condenado a cinco anos de prisão por se ter dado como provado que deitou fogo a vários autocarros na Rodoviária de Tomar mas que ficou em liberdade com a pena suspensa, foi agora preso sob suspeita de ter deitado fogo a uma data de carros, também na zona de Tomar. Se se vier a provar que foi mesmo ele que também incendiou os carros, temos que concluir que ele anda mesmo desesperadinho para ir para a prisão. Estará a fazer alguma tese de mestrado sobre a privação da liberdade e terá chegado a altura de fazer o trabalho de campo? O meu receio é que os juízes não lhe facilitem a vida e o voltem a mandar em liberdade. A minha dúvida é saber quantos mais carros terá ele que incendiar depois para os convencer a pô-lo atrás das grades? Será que a seguir vai deitar fogo a um ou dois comboios?Um motorista de Torres Novas, que anda a malhar na mulher e nos filhos há dez anos, também foi condenado a cinco anos de prisão mas também ficou em liberdade porque a pena foi suspensa por igual período. Se o homem também andar a fazer alguma tese de mestrado sobre a violência doméstica não perderá a oportunidade de continuar o trabalho de campo. Se não andar a estudar é capaz de molhar a sopa outra vez. Afinal, um vício com mais de dez anos não se larga assim de um dia para o outro.Agora a grande moda parece ser a pena suspensa. Terá sido imposição da Tróika para o Estado poupar na alimentação dos presos. Já fui ler o memorando e não encontrei lá nada mas também não há lá nada sobre a diminuição dos meus rendimentos e o que é facto é que eles diminuíram mais do que diminuiu a minha pilinha quando experimentei tomar banho de água fria para poupar no gás. A minha avó costumava dizer dos bandidos que eles deviam ficar a pão e água na prisão. Era uma adepta das dietas radicais a minha avó. Eu cá se fizer alguma e for preso não quero ficar com pena suspensa. Primeiro porque não quero ouvir a minha sogra queixar-se que tem que me continuar a alimentar e depois porque não quero continuar a gramar com telenovelas. Afinal, na televisão da prisão devemos ver coisas diferentes, não achas??!! Em Ourém o presidente da câmara confessou que não tinha cinquenta euros para comprar um sinal de trânsito cuja colocação uma munícipe reclamava. O problema parece ser uma tal lei dos comprimidos ou dos compromissos ou lá o que é isso. Trata-se de uma lei que os políticos não conheciam mas que eu e tu e outros como nós, já conhecemos há anos e anos. Os nossos pais costumavam enunciá-la de uma forma reduzida e com voz grossa. “Quem não tem dinheiro não tem vícios”, diziam eles. Mas isso era no tempo em que as leis não tinham excepções. Agora a lei existe mas tem mais excepções do que estrelas há no céu. E são todas a beneficiar quem tem vícios e não tem massa. Resumindo. Pode não haver dinheiro para sinalização mas há dinheiro para o resto. E assim vai Portugal!!Vou-te confessor uma coisa. Já tenho saudades do Moita Flores, aquele pândego que foi presidente da Câmara de Santarém durante uns aninhos mas que agora se mudou para Oeiras. Ora matá-las...às saudades, dá-me para ler coisas daquela terra. Um dia destes tive sorte, calhou-me uma entrevista em que o Moita Flores elogia a obra do Isaltino Morais. Por mais anos que viva não sei decifrar estas coisas. O Moita Flores era inspector da judiciária. O Isaltino Morais anda a contas com a Justiça. Cum caraças! Estou mesmo a ficar velho. Vê lá que eu ainda sou do tempo em que, perante isto, se dizia não bater a bota com a perdigota.Um bacalhau natalício Manuel Serra d’Aire