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O Natal não pode continuar a ser apenas um tempo de troca de prendas e de consumo desenfreado

O Natal não pode continuar a ser apenas um tempo de troca de prendas e de consumo desenfreado

Cerca de duas dezenas de pessoas reflectiram sobre a quadra numa iniciativa do Centro Cultural Scalabitano

Numa época de crise com famílias a passarem sérias dificuldades e a necessitarem acima de tudo de amizade e de solidariedade um grupo de pessoas trocou opiniões sobre aquilo que deveria ser a essência do Natal. Um tempo de partilha e de amizade. Houve quem lembrasse mesas da consoada com convidados carenciados à mesa e crianças que eram obrigadas a ceder algumas das suas prendas a meninos pobres.

Em criança era hábito Manuela Marques ter, na noite de Natal, outras pessoas que não eram da sua família a partilhar aquela noite. Viúvas que estavam sozinhas ou crianças que não tinham a família reunida como a sua. Houve mesmo alguns anos em que Manuela Marques teve que oferecer um dos seus presentes a outra criança que não recebia nenhum. E tinha que ser um dos presentes de que ela mais gostasse. A decisão não era fácil porque tinha de abdicar de algo que queria muito mas foi assim que, no seio da sua família, aprendeu a importância de partilhar. Agora que já está reformada faz-lhe confusão que o Natal esteja resumido a um “consumismo desenfreado”.Há 30 anos, em Moçambique, apesar do calor e da distância, a consoada de Cremilda Salvador era o mais portuguesa possível. Bacalhau com couves, velhoses, farófias... No dia de Natal o almoço já era mais local. Marisco,chamuças, caril. Deitavam-se foguetes, cantava-se e dançava-se na rua, em pleno Verão. Nesse dia era habitual os portugueses comprarem animais e comidas aos moçambicanos. Entretanto, Cremilda regressou a Santarém e o Natal africano passou a fazer parte das suas memórias.Estas foram duas histórias sobre o Natal contadas na noite de sexta-feira, 7 de Dezembro, no auditório Mário Viegas, em Santarém, durante o convívio promovido pelo Centro Cultural Scalabitano, onde se falou sobre o Natal. Os cerca de duas dezenas de participantes foram unânimes em afirmar que se perdeu o verdadeiro espírito do Natal e que o consumismo afastou completamente as pessoas. “O Natal é ajudarmos, partilharmos algo com o outro mas vivemos tempos em que as pessoas estão muito centradas nelas próprias, no seu mundo e não vêem que o vizinho pode precisar de ajuda. Há 50 anos havia muito menos dinheiro mas no Natal era sempre tempo de ajudar aqueles que precisavam”, recordou Carlos Falcão.A mesma opinião é partilhada pelo padre Aníbal Vieira que também marcou presença na iniciativa. O pároco de Casével, São Vicente do Paul e Vaqueiros (concelho de Santarém) lamentou ainda o stress a que, sobretudo as crianças de pais separados, estão sujeitas na época das festas para poderem estar com toda a família na véspera e dia de Natal. O padre realça que a essência do Natal não é a materialização de ter coisas novas mas a evolução espiritual das pessoas. O serão foi intercalado com momentos de poesia sobre a quadra natalícia.
O Natal não pode continuar a ser apenas um tempo de troca de prendas e de consumo desenfreado

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