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“A perfeição e o sucesso requerem muito trabalho”

“A perfeição e o sucesso requerem muito trabalho”

Maria Pantaleão é uma professora bastante conhecida na cidade de Vila Franca de Xira

Na área da educação não há nada que Maria Joaquina Pantaleão não tenha sido em Vila Franca de Xira: professora, directora de turma, delegada de grupo e directora da Secundária Alves Redol. Hoje gere um ginásio de explicações no centro da cidade e diz que não está arrependida do desafio.

Filipe MatiasA perfeição e o sucesso só se conseguem com trabalho e empenho dos alunos, diz a professora Maria Joaquina Pantaleão, que aos 60 anos já passou por quase tudo o que é ligado à educação e é hoje responsável por um ginásio de explicações no centro de Vila Franca de Xira.Foi professora, deu aulas na faculdade, foi directora de turma, delegada de grupo, directora da Escola Secundária Alves Redol, participou em diferentes conselhos executivos e chegou a ser convidada para integrar os quadros da Direcção Regional de Educação de Lisboa, como responsável pela coordenação pedagógica das escolas de toda a área da grande Lisboa.Maria Joaquina Pantaleão nasceu em 1952 nas Cachoeiras, concelho de Vila Franca de Xira. Herda o seu nome das duas avós e sempre teve o sonho de ser professora. Não há outra profissão que a consiga cativar mais do que a actividade docente. À primeira oportunidade lançou-se no desafio. Estudou no colégio Sousa Martins e era considerada uma boa aluna, tendo chegado por várias vezes ao quadro de honra da instituição. Maria queria aproveitar todas as oportunidades. “Segui para a Faculdade de Letras de Lisboa onde fiz o curso de filologia germânica (inglês e alemão). Fiz o percurso normal e comecei a trabalhar ainda antes de ter terminado a licenciatura, aos 20 anos”, recorda. O seu primeiro emprego foi a dar aulas na antiga escola industrial e comercial de Vila Franca de Xira, ensinando português e inglês. Na altura, confessa, ganhava para as despesas. Estava-se no ano lectivo de 1971/1972 e um horário completo valia-lhe sete contos e quinhentos (perto de 40 euros) por mês. “Desde essa altura nunca mais parei e estive sempre ligada ao ensino”, nota.Guarda memórias intensas dos seus tempos de estudante. Entrou na faculdade em 1969 e era uma assumida antifascista. “Vivemos um período muito conturbado. Era uma situação politicamente quente, a Faculdade de Letras era fundamentalmente de meninas e todas éramos muito rebeldes e sofremos represálias”, recorda. Maria Joaquina Pantaleão lembra-se dos agentes da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) correrem pelos corredores da faculdade à procura dos que falavam mal do regime. “Depois do 25 de Abril houve uma reestruturação profunda e mais tarde acabaram as escolas profissionais”, recorda. Por essa altura já a professora Joaquina integrava a comissão de gestão da escola. Em 1978 foi fazer um estágio a Castelo Branco e ficou efectiva na Escola Secundária de Torres Vedras. Depois regressou ao concelho de Vila Franca, para dar aulas durante um ano na Reynaldo dos Santos. Ingressou na Alves Redol, onde viria a tornar-se directora da escola.Chegou a ficar responsável pela biblioteca da escola e aos 58 anos decidiu reformar-se e abraçar um novo desafio profissional por sua conta. “Reformei-me porque já não conseguia ter com a escola a afinidade que tinha até então. A escola tornou-se num espaço onde dar aulas e trabalhar com os alunos deixou de ter muita verdade”, lamenta. Maria Joaquina Pantaleão entende que actualmente a profissão de professor rouba muita energia e lucidez aos docentes, que acabam por se ver envolvidos em mais processos administrativos e burocráticos do que em dar aulas. Actualmente é responsável pelo ginásio da educação DaVinci, um centro de explicações, workshops e formação para crianças desde os cinco anos e sem limite de idade. O desafio está a ser aliciante e é actualmente responsável por 10 colaboradores. As disciplinas da matemática, português e inglês continuam a ser as mais procuradas. Diz que cada vez mais os pais se preocupam com o sucesso escolar dos filhos e garante que as causas para o insucesso estão bem documentadas. “Há várias razões e algumas delas são simples, como o facto de uma criança ir para a escola sem comer. E depois temos o facto da escola não se ter adaptado às novas realidades”, defende, exemplificando que hoje os jovens sabem mais pela Internet do que nos bancos da escola. “As aulas têm de ser o espaço onde se corrige, transforma e aperfeiçoa os conhecimentos que os alunos já trazem de fora”, conclui.
“A perfeição e o sucesso requerem muito trabalho”

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