Empresas devem apostar na sustentabilidade para serem mais competitivas
Presidente da AIP, José Eduardo Carvalho, considera que a legislação ambiental é restritiva pelo que se devia fazer um interregno “para deixar a economia respirar”.
O presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP) defende que a sustentabilidade deve ser uma “estratégia activa” das empresas para alcançarem crescimento, tornando-se mais competitivas. Convidado a falar no “Congresso Luso-Brasileiro de Interfaces Multidisciplinares do Direito Ambiental”, que se realizou a 17 e 18 de Dezembro em Mação, José Eduardo Carvalho começou por referir que “há uma relação muito difícil” entre competitividade e sustentabilidade e o que diferencia as economias é exactamente isso: a capacidade de cumprirem, simultaneamente, os elevados padrões de competitividade e sustentabilidade, ultrapassando as tensões que vão surgindo de parte a parte. “Numa situação de bancarrota, como aquela que o nosso país atravessa, esta equação é ainda mais difícil de resolver”, atestou. José Eduardo Carvalho frisou que o desenvolvimento económico sustentável sempre foi uma preocupação da AIP, que tem concentrado o seu esforço, por exemplo na uniformização de alguns diplomas internacionais ambientais. Para o responsável, a solução não depende apenas da governação de um país mas também de alguns compromissos estabelecidos à escala global. “O envolvimento das empresas nestas matérias é decisivo. O esforço apela à inovação e desenvolvimento tecnológico mas a sustentabilidade deve, cada vez mais, constituir cada uma estratégia activa das empresas”, disse. Perante uma plateia de estudiosos do direito ambiental, José Eduardo Carvalho sublinhou que o bom senso entre actividade económica e sustentabilidade ambiental é crucial para o desenvolvimento. “Devemos evitar lobbies dominantes ou medidas inflamadas pelo politicamente correcto, não esquecendo que meio ambiente e energia são os eixos do futuro”, disse. O responsável da AIP apontou algumas soluções ao dispor das empresas. Uma maior eficiência energética da economia, a redução do desperdício alimentar, a melhoria da produtividade dos terrenos agrícolas, a utilização de veículos híbridos e eléctricos e a aposta na recuperação do carvão e petróleo foram alguns dos exemplos apontados. José Eduardo Carvalho concluiu dizendo que a empresa desejavelmente competitiva é aquela que insere valores de desenvolvimento sustentável. Mas com a legislação restritiva que existe vai ser difícil conseguir alcançar este patamar a curto prazo. “Necessitávamos de um interregno legislativo de quatro ou cinco anos para deixar a economia respirar”, salientou. Convidada a comentar a relação entre o desenvolvimento económico e as normas ambientais, a presidente da Associação Empresarial de Santarém NERSANT, Salomé Rafael, considera que actualmente os empresários já possuem “consciência ambiental” mas que a carga burocrática leva a que muitos projectos fiquem pelo caminho.
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