O orçamento da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira para o próximo ano foi recusado por toda a oposição que está em maioria na assembleia de freguesia. O voto contra o orçamento no valor de 1,2 milhões de euros foi a forma encontrada pelos partidos contestarem a forma como a presidente da autarquia, Ana Câncio (PS), se tem comportado ao longo do mandato e uma forma de a obrigar a pelo menos dialogar com os eleitos. Na prática Ana Câncio agora não pode fazer alguns investimentos sem que estes sejam aprovados caso a caso pela assembleia de freguesia. Ana Câncio tem vindo a ser acusada pelos partidos da oposição de ser arrogante. “Demos várias oportunidades e votos de confiança. Mas não há mais condições para continuar a confiar nas decisões deste executivo”, vincou António Matos Oliveira da Coligação Novo Rumo, com quem o PS - em minoria na assembleia - manteve uma coligação pós-eleitoral até à entrada de Ana Câncio no executivo. Na sua declaração de voto, António Matos Oliveira disse também que a gota de água foi a carta polémica lida pela presidente da junta numa das últimas assembleias, como O MIRANTE noticiara. “Foi um documento que a todos espantou e que surpreendeu face ao conteúdo pouco objectivo e que continha uma lista de recados dirigidos a muitas pessoas”, acrescentou. Os comunistas, pela voz de Carlos Romano, lembraram que nos últimos oito orçamentos os socialistas se têm mostrado indiferentes às sugestões da esquerda e que desde que Ana Câncio tomou o poder “pensava que podia governar contra tudo e todos”. A CDU votou contra e acrescentou que o fez para “acabar com o marasmo” e a política do “quero, posso e mando” dos socialistas. Também o Bloco de Esquerda votou contra o documento. “É um documento que inclui opções com as quais não estou de acordo”, vincou Fernando Matos. Ao contrário do que aconteceu em anteriores votações do orçamento anteriores, a presidente Ana Câncio optou por não emitir qualquer declaração. Em vez disso coube a João Trindade, líder da bancada socialista, o desabafo. “Estávamos perante um orçamento cauteloso e realista que reflectia o esforço e empenho deste executivo e merecia outra votação por parte desta assembleia”, disse. O orçamento proposto previa também uma redução das receitas da junta na casa dos 7,5 por cento para o próximo ano.