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O mérito das pessoas reconhecido enquanto elas estão vivas

O MIRANTE ouviu quem foi assistir aos prémios “Personalidade do Ano”

Na hora de escolher, os nossos interlocutores não têm dúvidas de que se tivessem que atribuir um prémio de mérito o mesmo iria parar às mãos de um ou mais elementos da sua família. Consideram que se devia premiar mais o mérito em Portugal e que a iniciativa de O MIRANTE representa aquilo que se devia fazer sempre: reconhecer e felicitar o sucesso dos outros no verbo presente.

Jean Campiche, 66 anos, Director da Escola Superior de Educação de SantarémUm prémio de mérito para todas as mulheres Natural da Suíça, Jean Campiche considera que, por vezes, em Portugal basta um pequeno formalismo para evitar que o mérito venha a ser reconhecido. “Acho que se devia reconhecer mais o mérito a quem realmente o merece”, atesta. Se tivesse a oportunidade de atribuir um prémio de mérito entregava-o a todas “as mulheres que sabem combater e ultrapassar as dificuldades com que se deparam” nas suas vidas profissionais e pessoais. Ao actual director da Escola Superior de Educação de Santarém não lhe custa mostrar o apreço a quem sabe que o merece, mesmo a quem não conhece pessoalmente. “Acho que é importante e até uma atitude responsável que devemos adoptar. O meu pai falava com toda a gente na rua e recebi essa educação. Não tenho o medo, que sinto nos portugueses, de elogiar os outros ou cumprimentar na rua quem não conheço", atesta. Manuela Ruivo, presidente da direcção do Montepio Abrantino“Valorizo com facilidade as pessoas que trabalham comigo”Manuela Ruivo considera que o mérito dos outros nem sempre é reconhecido ou premiado em Portugal. “Devíamo-nos pautar sempre pelo mérito e este deveria estar associado ao trabalho que a pessoa desenvolve tal como mostra esta iniciativa de O MIRANTE”, atesta a presidente da direcção do Montepio Abrantino “Soares Mendes”. O seu prémio de mérito ia para uma pessoa muito especial das suas relações, o avô, falecido há poucos meses com 97 anos. “Tenho vários ídolos na minha vida mas o meu prémio iria para o meu avô uma vez que dele recebi valores e ensinamentos que me tornaram na pessoa que sou”, atesta. Manuela Ruivo diz que elogia com facilidade quem a rodeia, sejam das suas relações pessoais ou profissionais. “Valorizo com facilidade as pessoas que trabalham comigo. Sou presidente de algumas instituições mas o sucesso destas depende da equipa que tenho ao meu lado”, refere.Joaquim Gomes, 54 anos, administrador da Luságua Alcanena “Uma palavra de conforto pode ser uma forma de reconhecer o mérito”Para Joaquim Gomes, da Luságua, empresa concessionária do Sistema Municipal de Abastecimento de Água de Alcanena, o reconhecimento do mérito em Portugal faz-se de forma “pontual” quando devia ser generalizado. “Esta iniciativa de O MIRANTE é uma excepção no nosso distrito e que acho que é de louvar e manter”, atesta. Se tivesse que atribuir um prémio de mérito entregava-o a quem está à frente de instituições de solidariedade social e se dedica a essas causas, de forma diária, nos bastidores. “Conheço uma rapariga, em Alcanena, a quem o mérito devia ser reconhecido porque era uma ex-toxicodependente, foi “recuperada” dos maus caminhos, fez um curso de reinserção na área da geriatria e hoje é uma funcionária muito querida pelos utentes”, atesta. Joaquim Gomes refere que procura incentivar, através do elogio, os seus colaboradores, não tendo o hábito de o fazer com quem não conhece. “O mérito não é só atribuir um prémio. Uma palavra de conforto pode ser uma forma de reconhecer o mérito. Das coisas pequenas nascem grandes “, sublinha. Elza Vitório, 61 anos, Directora do Centro de Emprego e Formação Profissional Santarém“Se o desempenho é bom devemos dizê-lo com todas as letras”“É possível melhorar” as iniciativas de mérito aos outros, considera Elza Vitório, Directora do Centro de Emprego e Formação Profissional de Santarém. “Seja em vida ou a titulo póstumo é sempre um exemplo motivador para aqueles que tomam conhecimento. Quem é reconhecido acaba sempre por receber uma parte de valorização, estímulo e bem-estar”, refere. Se tivesse que atribuir um prémio de mérito, Elza Vitório escolhia “uma pessoa que tivesse um bom desempenho profissional”, tarefa que seria fácil de fazer em equipas que tem dirigido ao nível profissional. A família e os amigos também merecem o seu mérito, embora não queira nomear quem por receio de injustiça. “Tenho bastantes nomes para indicar. Custa-me escolher apenas um”, responde. A directora do Centro de Emprego de Santarém entende e coloca em prática a valorização profissional dos outros “Se o desempenho é bom, devemos dizê-lo com todas as letras. Mais do que elogio é um reconhecimento que o motiva a continuar”, salienta.Manuel Duarte dos Santos, 68 anos, presidente da Assembleia Municipal de Abrantes “Prémios de mérito devem ser dados em vida”“Em Portugal o mérito das pessoas só é reconhecido, na maior parte dos casos, após a sua morte”, diz Manuel Duarte dos Santos, presidente da assembleia municipal de Abrantes. Se tivesse que atribuir um prémio de mérito a alguém, o nosso interlocutor não tem dúvidas em escolher a sua mãe. “É uma senhora com 95 anos e com uma grande lucidez e da qual me orgulho muito ser filho”, atesta. Em termos profissionais, recorda um companheiro de curso e da Direcção Nacional dos Registos e Notariado, José Manuel Martins que considerava um “visionário” dos registos. “Andava à frente no tempo dez anos e, actualmente, é de pessoas assim que o país precisa”, sustenta. Manuel Duarte dos Santos diz ainda que não tem problemas em elogiar quem não conhece, tais como os galardoados da Personalidade do Ano.Pedro Neto, 42 anos, Director Regional da Moneris “Temos que expandir tudo o que é positivo”Pedro Neto considera que, no nosso país, o mérito não é suficientemente reconhecido ou premiado. “Normalmente quando o é já vai fora do tempo porque é sempre depois das pessoas falecerem. Acho que se tem que reconhecer o mérito das pessoas enquanto elas cá estão, para poderem ser um exemplo vivo para os demais”, refere o Director Regional da Moneris. O prémio de mérito de Pedro Neto ia directamente para os seus pais. “Sou aquilo que sou fruto da educação que me deram", justifica. Em termos gerais, considera que todos aqueles que defendem interesses globais em detrimento dos pessoais mereciam um prémio de mérito. Sempre que tem oportunidade e considera oportuno, elogia os outros com facilidade, mesmo que não sejam das suas relações pessoais ou profissionais. “Temos que expandir tudo o que é positivo”, atesta.André Gralha, 36 anos, árbitro de futebol“Há muitas pessoas a fazer coisas bem feitas e ninguém se lembra delas”O árbitro de futebol André Gralha, que já foi distinguido na categoria de Desporto Masculino, com o prémio Personalidade do Ano em 2011 considera que em Portugal não é fácil reconhecer o mérito nos outros. “Como em tudo na vida, há muitas pessoas que fazem um bom desempenho e ninguém se lembra delas. Nós, felizmente, no distrito de Santarém, temos a felicidade de ter O MIRANTE, que todos os anos vai dando visibilidade a essas pessoas e ao seu trabalho”, testemunha. O seu prémio de mérito ia, em primeiro lugar, para os pais que são a sua “referência”. Em termos desportivos, distinguia uma pessoa que tem feito um trabalho excepcional com crianças, o José Luís, do Rossio, que teve alguns problemas de saúde e agora encontra-se a recuperar. “É uma pessoa que nos tem feito muita falta”, refere. André Gralha considera que é mais fácil elogiar quem se conhece mas se o tiver que fazer a alguém com quem nunca falou não vê problemas nisso. Sara Rosa, 33 anos, empresária, RISA- Organização Empresas Lda“É muito importante valorizar as pessoas com o elogio”Sara Rosa, da RISA - Organização Empresas Lda, com sede em Vila Moreira, Alcanena é da opinião que no nosso país o reconhecimento do mérito depende muito da situação. “Em alguns sectores é mais fácil ver o mérito atribuído do que em outros. Posso falar que, em termos das empresas, premiamos bastante o mérito das pessoas e esta é uma característica bastante importante”, refere. Se tivesse que atribuir um prémio de mérito a alguém a resposta vem acompanhada com um “óbvio”: o seu pai, Artur Rosa. “Pelos anos que tem de empresário, pelo sucesso alcançado e pelo motor que é na nossa empresa”, justifica. Sara Rosa costuma elogiar os outros com facilidade, mesmo quando trabalhava na área social, antes de ir para a empresa da família. “É muito importante valorizar as pessoas com o elogio e dar uma palavra de incentivo quando as coisas correm bem. Não é só criticar quando as coisas correm mal”, sustenta, reconhecendo que, em Portugal, não há a cultura do elogio fácil.

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