As filmagens das sessões da Assembleia Municipal de Alpiarça voltaram a provocar polémica e a mostrar que a relação entre o actual presidente da assembleia, Mário Santiago (independente eleito pela CDU), e o presidente da câmara municipal, Mário Pereira (CDU), está de cortar à faca, assim como com alguns elementos da bancada comunista que não concordam com as atitudes de Mário Santiago.A discussão foi provocada depois de na última sessão da assembleia, realizada na noite de sexta-feira, 22 de Fevereiro, Mário Santiago ter proposto a criação de uma comissão para elaborar um regulamento que permita a filmagem das sessões. Santiago explicou que convidou para integrar essa comissão um elemento de cada bancada, da qual também faria parte e que integraria ainda Paulo Sardinheiro (PS), João de Brito (PSD) e João Vasco Peixinho (CDU). Esta proposta provocou o descontentamento da bancada da CDU e do próprio presidente da câmara que discordaram que Mário Santiago tenha convidado os eleitos sem ouvir as respectivas bancadas.A deputada municipal Inês Aguiar (CDU) foi quem mais protestou, afirmando que devem ser as bancadas a sugerir um nome para a comissão e que se existe um líder de bancada - neste caso Celestino Brasileiro - deve ser essa pessoa a integrar a comissão. Mário Pereira insurgiu-se contra a proposta de Mário Santiago e disse que a CDU não pode entrar em provocações. “Se fosse à minha bancada abstinha-me na votação e caso a proposta seja aprovada tirava conclusões políticas desta situação no dia seguinte”, afirmou exaltado.Após um intervalo para serenar os ânimos e também para as bancadas discutirem o assunto, sobretudo a bancada comunista, Mário Santiago optou por retirar a proposta. E justificou a sua decisão. “Como não quero contribuir para a discórdia, retiro a minha proposta e vou aguardar que sejam as bancadas a fazerem propostas no sentido de se avançar com as gravações das assembleias municipais”, esclareceu.A bancada socialista aceitou a proposta do presidente da assembleia municipal e os nomes sugeridos. O líder da bancada, Fernando Ramalho, criticou os comunistas ao dizer que não compreende como é que a CDU fez “finca-pé” para que as assembleias municipais fossem filmadas e “nunca apresentou” uma proposta de regulamento. “Parece que a CDU quis criar um argumento para dizer que o PS não aceitava as filmagens, mas nós aceitamos. Só não aceitamos que sejam gravadas apenas as declarações do presidente da autarquia”, reforçou.