Turismo de massas é inimigo da qualidade
Director do Hotel dos Templários considera que o turismo low cost pode ser prejudicial para o desenvolvimento do sector.
“Não há nada pior para o turismo que o turismo de mais”. A opinião é de Vítor Pais, director do Hotel dos Templários em Tomar, convidado a participar na conferência “Hotelaria, Turismo e Desenvolvimento Económico” que decorreu no auditório do Eqquspollis na Golegã. A sessão inseriu-se no ciclo de conferências do CESPOGA - Centro de Estudos Politécnicos da Golegã, “Economia, Empreendedorismo e Turismo: Territórios Criativos”.Apresentando-se como sendo um “homem muito operacional”, o director do Hotel dos Templários ilustrou a opinião com um cenário: “Estamos numa praia ou num monumento e, de repente, chegam quatro ou cinco autocarros cheios de pessoas que nos caem em cima”. Para o orador, não se podem tomar decisões que tragam mais custos que benefícios pelo que o turismo de massas é um risco que deve ser calculado. “No turismo o que importa são as pessoas e o objectivo é maximizar a satisfação das pessoas, fazendo a realidade corresponder com as suas expectativas, através dos recursos existentes e com planeamento. Ora, o turismo low-cost é o inimigo da qualidade”, alertou.Para Vítor Pais o turismo enquanto fenómeno de natureza social continua a ser “uma das alavancas de crescimento do país”, realçando que no Ribatejo existem muitos recursos disponíveis e que, por exemplo, utiliza muitas vezes “o alvo Golegã” para promover a sua unidade hoteleira. Para o director do Hotel dos Templários os “novos” turistas são, sobretudo, as famílias monoparentais, as pessoas solitárias e os homens e mulheres entre os 50 e os 70 anos, “que já têm a família arrumada e pretendem desfrutar a vida novamente”. Realçou ainda a importância da “comunidade de acolhimento” que tem que participar activamente na “construção de valor da sua própria região”, interagindo com os turistas como anfitriões, numa lógica de confluência de interesses. “A comunidade tem que pensar turismo para se desenvolver a ela própria”.Outro dos oradores desta conferência foi Raquel Firmino, 32 anos, proprietária do Solar Espírito Santo, vocacionada para o turismo equestre. A empresária explicou como é que, sendo formada em Biotecnologia, acabou por ir trabalhar com cavalos, “a sua grande paixão”, mudando-se de “armas e bagagens” para a Azinhaga, Golegã. “Abri o meu empreendimento durante tempos de crise e fiz bem em arriscar. É nestas alturas que temos que pensar em dar um passo em frente”, disse, acrescentando que “a crise pode ser uma oportunidade” desde que se faça uma análise aos nichos de mercado que existem.“Entidades Regionais de Turismo têm que ser menos abrangentes”O director do Hotel dos Templários em Tomar, Vítor Pais, considera que as actuais Entidades Regionais de Turismo deviam incidir sobre territórios mais pequenos e delineados de acordo com as suas próprias características. “Cada região tem a sua especificidade. Uma Entidade Regional de Turismo tem que existir sempre para o desenvolvimento do turismo numa determinada zona. A forma como está dividido o nosso território nacional é que tem ser estudada”, disse, à margem da conferência “Hotelaria, Turismo e Desenvolvimento Económico, que se realizou na Golegã. Para Vítor Pais as Entidades Regionais de Turismo têm que ser “potencializadas e desenvolvidas” de modo a fazerem um trabalho mais localizado. “Cada zona do nosso país tem uma cultura própria, que deve ser individualizada. A Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo pode ser o caminho mas tem que ser repensada. Lisboa não tem as mesmas características que a região do Vale do Tejo”, anuiu.
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