O presidente da Câmara de Almeirim (o socialista Sousa Gomes), o PSD e o CDS-PP (que estão coligados para as autárquicas) e os independentes do MICA têm-se encontrado em reuniões meio secretas na casa de um empresário em Fazendas de Almeirim. Estes encontros têm ocorrido numa altura em que a coligação e o MICA ainda não apresentaram candidatos e depois de o presidente da autarquia, Sousa Gomes, que não apoia o candidato do seu partido, o socialista Pedro Ribeiro, ter dito primeiro que estava envolvido num movimento independente e depois vir afirmar que afinal já tinha desistido dessa ideia.Os encontros foram confirmados a O MIRANTE pelo fundador do MICA, Francisco Maurício, que foi vereador eleito pelo PS no mandato anterior e acabou por se incompatibilizar com o presidente do município. Maurício garante que não tem participado nestes encontros e que a posição do movimento, que nas últimas eleições conseguiu ser a segunda força mais votada, é a de ver e ouvir, de conversar e discutir ideias e que não há nada definido, não há decisões. Nas reuniões tem participado o vereador do MICA, Nuno Fazenda.O PSD é mais cauteloso e não se alonga em comentários sobre estas reuniões onde também já participou o vereador socialista José Carlos Silva, que se comenta na cidade estar disponível para integrar um movimento de independentes. João Lopes, do PSD de Almeirim e eleito da assembleia municipal, limita-se a dizer que até ao final do mês a coligação entre PSD e CDS-PP vai “ter tudo esclarecido” e que a “coligação está segura”. Segundo uma fonte conhecedora destes encontros, tem havido o envolvimento da distrital do CDS-PP.Na última assembleia municipal as estratégias do PSD e do MICA podem ter sido já um reflexo destes encontros, quando o PSD apresentou um requerimento para que fosse feito um inquérito à polémica do PAEL na câmara e o MICA pediu para incluir um ponto referente ao mesmo assunto na ordem de trabalhos para que o assunto fosse discutido. Curiosamente Sousa Gomes faltou a essa sessão. O PSD pedia um inquérito e a responsabilização política e retirada dos pelouros de quem teve a ver com o facto de haver facturas sem cabimentação orçamental e que por isso não estavam registadas na contabilidade. Antes, Sousa Gomes, que é quem tem o pelouro das finanças da autarquia, tinha acusado Pedro Ribeiro de responsabilidades nesse processo. Mas o requerimento do PSD foi recusado.Quanto à discussão que o MICA lançou, o vice-presidente Pedro Ribeiro, que substituiu Sousa Gomes na sessão, ignorou o assunto e limitou-se a dizer que a situação financeira do município é boa. Manuela Cunha, eleita da CDU na assembleia municipal, disse não ser ingénua e classificou como “enredo novelístico” o facto de o presidente da câmara ter lançado suspeitas publicamente de que Pedro Ribeiro estava de conluio com a chefe da contabilidade para que facturas não fossem registadas porque estaria contra a adesão do município ao Programa de Apoio à Economia Local, que no fundo é um empréstimo disponibilizado pelo Estado para pagamento de dívidas a fornecedores e outras entidades.