Em Aveiras de Cima, concelho de Azambuja, os serviços de correios estão a funcionar numa papelaria desde Outubro de 2011, onde o movimento é intenso e os clientes não param de entrar e sair. Cenário semelhante vive-se no Couço, Coruche, numa loja de artigos de pesca desde Agosto do mesmo ano e no Tramagal, Abrantes, desde Novembro de 2011, na Associação de Dadores de Sangue (ver caixa). Quem pensava que o encerramento dos postos de correios em pequenas localidades e a passagem desses serviços para estabelecimentos comerciais iria redundar na perda dos serviços públicos à população, enganou-se. Pelo menos se tivermos em conta os exemplos da região.Ana Rosa Abreu, proprietária da papelaria de Aveiras de Cima desde 2006, foi contactada pela responsável de postos dos CTT e ainda hesitou seis meses antes de assinar contrato. Passado cerca de ano e meio mostra-se satisfeita. Disponibiliza à população de Aveiras de Cima e arredores os serviços que estas poderiam ter num posto público dos CTT: registos, encomendas nacionais e internacionais, vales na zona euro, levantamento de pensões e reformas. Tudo, menos a subscrição de certificados de aforro. Em meia hora de reportagem na loja foram muitos os clientes que entraram para jogar euromilhões, raspadinhas ou comprar artigos diversos à venda, mas pelo menos uma dezena de clientes também se dirigiu para o balcão de correios, ao fundo da loja. Ana Paula Abreu e uma das suas colaboradoras tratam dos assuntos dos CTT. “Tanto pode chegar muita gente como estarmos vários minutos sem ninguém, não tem regras. A partir de dia 10, recebemos muitos reformados e pensionistas que vêm levantar os seus vales”, refere a proprietária.Susana Choina, que acaba de mandar encomendas pelo correio e adquirir caixas e envelopes, diz que os serviços funcionam bem e são acessíveis. “Até acho que funcionam melhor que quando existia o posto, são mais rápidos e com mais profissionalismo. Na altura fiquei com dúvidas em relação ao futuro, quando foram encerrados os CTT, mas agora acho que ficou bem entregue”, comenta a moradora.Daniela Valentim acaba de enviar carta por correio azul para Lisboa. Lembra a contestação ao encerramento da estação dos correios e admite que se tratou de uma reacção normal. Passado este tempo considera que na loja o serviço é semelhante ao que era prestado pelos CTT. Recorrendo aos serviços de correio da loja por razões profissionais, Ana Cristina Bessa, dos Casais das Comeiras, costuma passar por ali diariamente. “Não podia estar mais satisfeita, tem rapidez, simpatia, tudo. Qualquer dúvida que tenha, ligo para cá, e sou logo esclarecida”, garante a O MIRANTE, à saída da loja.O serviço de correios de Aveiras funcionam das 09h00 às 13h00 e das 14h00-18h00, de segunda a sexta-feira. Ana Rosa Abreu diz que ainda não sabe se vai renovar contrato e que o assunto estará em análise mais perto de Outubro, quando acaba o contrato de dois anos pelo qual recebe um valor em função do negócio que consegue fazer.No Couço, Coruche, foi grande a contestação popular e de autarcas ao encerramento do posto de correios em Agosto de 2011. Até uma manifestação se realizou. A caminhar para dois anos a funcionar numa loja de artigos de pesca e telemóveis, os serviços postais registam grande procura de clientes. É a população do Couço e dos arredores, também transportada pela junta de freguesia, que acede aos serviços, que mantêm um horário de serviço público: 09h30-12h30, 14h30-17h30. “Tem sido uma experiência nova mas também de grande responsabilidade, que mais ninguém na altura quis assumir. Se houver um engano numa cobrança sou eu que tenho de repor a verba”, exemplifica Graça Guerreiro, estabelecida com a loja há dez anos na rua do Comércio, no centro da vila. “Entre os dias 3 e 4 e até dia 27 há sempre bastante movimento, principalmente de manhã”, acrescenta a comerciante, acrescentando que só em Julho vai analisar a possibilidade de poder renovar o contrato com os CTT.CTT na sede Associação de Dadores do Sangue do TramagalO funcionamento do serviço de correios na sede da Associação de Dadores de Sangue do Tramagal foi uma oportunidade para a colectividade angariar mais uma receita, proveniente de mensalidade fixa atribuída pelos CTT. É assim desde 1 de Novembro de 2011 naquela freguesia de Abrantes, no edifício do antigo posto médico, na rua da Igreja. Houve uma primeira possibilidade de esses serviços virem a funcionar numa pastelaria o que não se confirmou. “Já dispunhamos de diversas valência médicas e especialidades e desde essa altura passámos a ter os serviços de correios como as cobranças, serviços postais, carregamento de telemóveis, vales e pensões, menos os planos financeiros dos CTT”, explica Lina Mendonça. A secretária da direcção dos Dadores de Sangue é quem está por detrás do balcão a atender os clientes, uma média de 100 por dia. E tudo corre sobre rodas.