“A única forma que temos para atravessar a actual crise económica é fazer uma boa gestão do nosso talento”, defendeu António José Coutinho, administrador da EDP Serviços, no painel que inaugurou a “VIII Semana da Gestão”, entre 9 e 11 de Abril, no Instituto Politécnico de Tomar. O orador abordou a questão da gestão do talento como estratégia ao alcance das empresas que se debatem com falta de mão de obra especializada uma vez que, por exemplo, os melhores engenheiros estão a sair do país. Para António José Coutinho, a redução da taxa de natalidade vai fazer com que, em 2020, se verifique uma diminuição significativa da força de trabalho enquanto que a sofisticação da economia requer, cada vez mais, mão-de-obra especializada. “São desafios grandes não só para o país como para as nossas empresas que vão ter que se renovar, contratar pessoas com ideias novas e arrojadas para sobreviverem”, indicou. Para o administrador da EDP, a saída da mão de obra desempregada para o estrangeiro é preocupante mas ainda é mais o facto de quem está a trabalhar também se despedir para ir trabalhar para fora, à procura de melhores condições e rendimentos. “Quem quer ter um Ronaldo a trabalhar na sua empresa tem que lhe pagar um ordenado à Ronaldo”, ilustrou. António José Coutinho referiu que Portugal tem um desafio ao nível das qualificações. “Trabalhar mais umas horas por dia não vai funcionar. A única forma que temos de dar resposta é com inovação, sofisticação, fazer melhor e mais barato”, defendeu, acrescentando que apesar do espectro do desemprego os jovens têm que continuar a estudar e a apostar na sua especialização. “Se dois engenheiros se reformam, quantos há para o seu lugar em 2020? A vossa qualificação é necessária ao país”, afirmou.A sessão solene da VIII Semana de Gestão - dedicada à gestão criativa - na terça-feira, 9 de Abril, reuniu dezenas de convidados, entre professores e alunos, no auditório Doutor José Bayolo Pacheco de Amorim na sessão solene de inauguração que contou com as intervenções de Maria Conceição Fortunato, directora da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESGT), Miguel Pinto dos Santos, vice-presidente do IPT, e José Perfeito, vice-presidente da Câmara de Tomar. Todos foram unânimes em apontar que é nos momentos de crise que a criatividade deve ser usada como uma arma, como forma de aumentar a competitividade. “A economia e o mercado de trabalho apresenta cenários cada vez mais globalizantes e efémeros. Temos, por isso, a perfeita noção que temos que preparar os nossos alunos com grande versatilidade, dotando-os de competências para uma aprendizagem constante ao longo da vida e transmitindo valores de respeito pelo seu semelhante e pelo planeta que habitam”, aludiu Maria Conceição Fortunato.Programas de saúde mental para recursos humanos da SonaeOutra das convidadas do primeiro painel foi Sílvia Costa, gestora operacional de recursos humanos da Direcção dos Centros de Fabrico Modelo Continente hipermercados. Sob o tema “A alma é o segredo do negócio”, a oradora explicou aos presentes que tem vindo a desenvolver alguns programas e acções de formação no âmbito da saúde mental com o pessoal que trabalha fechado todo o dia em contentores de carne ou peixe. O programa “Mente positiva” e o “Smile” são dois exemplos de projectos dinamizados entre estes colaboradores da Sonae - os que não estão em contacto directo com os clientes das grandes superfícies - e que já lhes permitiram, sempre durante o horário de trabalho, aprender danças de salão ou expressarem emoções do dia-a-dia.