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Da paz podre à guerra na maioria socialista que gere a Câmara de Almeirim

Líder da concelhia do PS avisa que denunciará atropelos e que se os desalinhados quiserem guerra está pronto para combater

Candidatura independente do vereador José Carlos Silva contra o actual vice-presidente Pedro Ribeiro, que é o candidato oficial do PS, tem o apoio do presidente da câmara e militante histórico socialista Sousa Gomes. Após a cisão de há quatro anos, o PS de Almeirim vive novamente momentos conturbados. Tudo em nome da cadeira do poder.

A maioria socialista na Câmara de Almeirim deve ser caso único no país: tem um presidente que apoia um vereador socialista que se quer candidatar como independente; tem um vice-presidente que é candidato oficial pelo PS; tem uma vereadora que se tem mantido à margem da polémica; e tem uma nova vereadora que é amiga da chefe de gabinete do presidente e ex-adjunta deste. Uma confusão que surge num período pré-eleitoral quando já havia indícios de que cheirava a podre a paz existente no executivo socialista saído das eleições de 2009. O vice-presidente, Pedro Ribeiro, é quem na câmara substitui o presidente, o histórico socialista Sousa Gomes, nas suas ausências. Como é que os dois vão gerir a situação? À pergunta ambos respondem cautelosamente e com algumas indirectas. Sousa Gomes diz que vai continuar tudo na mesma e que não vai alterar o seu comportamento. “Se os outros alterarem é com eles”. Pedro Ribeiro, que durante anos foi apontado como delfim de Sousa Gomes, diz que a situação actual não se compadece com guerrilhas políticas, mas também manda uma alfinetada: “No tempo certo a população fará as suas opções”.O caso é mais complicado do que querem fazer crer. Para além da quebra de confiança entre os intervenientes e da degradação das relações e da ausência de uma estratégia comum, o presidente da autarquia é quem em última instância autoriza os projectos dos vereadores e dá o aval a despesas. Sousa Gomes diz que já “está no fim da sua vida política”, que “as obras estão a decorrer” e que não vai haver problemas. O seu vice-presidente diz que quer “crer que o objectivo comum são as pessoas”. Certo é que o presidente tem no seio da maioria o poder sobre elementos que estão no executivo pela sua mão. O presidente da concelhia socialista e da assembleia municipal, José Marouço, mostra alguma preocupação em relação ao funcionamento da câmara e deixa um aviso. “Se as diferentes sensibilidades não tiverem como única preocupação servir os interesses de Almeirim e não fizerem as melhores escolhas, cá estará o PS para as denunciar”. Garante que também informará a população se existirem atropelos à convivência democrática, concluindo que o partido deseja a paz, mas “se houver guerra cá estaremos para a combater”, num claro recado a Sousa Gomes.Se há muito tempo o vice-presidente só fala o estritamente imprescindível com a chefe de gabinete do presidente (Rosa Nascimento), agora muito mais dificuldade terá em relacionar-se com este e com o potencial candidato independente, o vereador José Carlos Silva, que apresentou a sua intenção de concorrer à presidência na semana passada numa cerimónia para a qual O MIRANTE não foi convidado. O PS, que tem no executivo cinco elementos, ficou esfrangalhado, tendo agora apenas Pedro Ribeiro como defensor da linha do partido no concelho, desconhecendo-se ainda a posição da vereadora da educação, Maria Emília Moreira. O vice-presidente considera que era melhor que tal não acontecesse e que “temos de viver todos com as opções de cada um”. O presidente sente-se no meio da confusão em que está também envolvido com capacidade para “mediar algum problema que surja no executivo”. Mas não é difícil adivinhar que até final do mandato cada um vai trabalhar por si. E as coisas não vão ser fáceis também para os eleitos socialistas na assembleia municipal que até agora acertavam estratégias em consonância com o presidente da câmara. José Marouço diz que devem continuar a respeitar-se, deseja que não existam querelas e que a população esteja em primeiro lugar. Mas não tem dúvidas que há uma irreversível quebra de confiança do PS no seu militante histórico Sousa Gomes, situação que não é de agora.

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