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Os gémeos que resolveram unir-se também no mundo dos negócios

Os gémeos que resolveram unir-se também no mundo dos negócios

Empresa Sucatas Lopes, gerida pelos irmãos Pedro e João Lopes, foi criada há 12 anos

Começaram a trabalhar em Torres Novas mas em 2008, quando decidiram desenvolver a empresa, optaram por mudar as instalações para a Carregueira. A empresa dedica-se exclusivamente ao ramo da sucata.

São gémeos mas quem olha para eles não diz que são sequer irmãos. João Lopes é loiro, olhos azuis e pele clara. Pedro Lopes é moreno e tem olhos castanhos. São gémeos falsos, 40 anos feitos na semana passada, e há 12 anos decidiram unir o seu percurso profissional com a criação da empresa Sucatas Lopes. A empresa está situada, desde 2008, no Eco-Parque do Relvão, na Carregueira (Chamusca).Os irmãos são naturais do Outeiro Pequeno (concelho de Torres Novas), uma localidade muito conhecida por ter tido sempre muitas sucatas à beira da estrada. Desde pequenos que convivem com essa realidade. Durante as férias escolares era habitual fazerem-se à estrada para buscar ferro-velho e levarem-no para as sucatas. Era uma forma de ganharem uns trocos. Foi, por isso, com naturalidade que decidiram criar uma empresa nesta área. No entanto, antes disso tiveram outras profissões. Pedro Lopes trabalhou oito anos como serralheiro e João Lopes era distribuidor de gás. Depois de vários anos a trabalharem por conta de outros, os irmãos começaram a pensar na possibilidade de terem o seu próprio negócio. Nas horas vagas, João começou a trabalhar com sucata e Pedro, sempre que tinha disponibilidade, dava-lhe uma ajuda. Passados uns tempos despediram-se dos empregos que tinham e iniciaram a sua actividade laboral com a Sucatas Lopes.Começaram a trabalhar em Torres Novas mas em 2008, quando decidiram desenvolver a empresa, optaram por mudar as instalações para a Carregueira. A empresa dedica-se exclusivamente ao ramo da reciclagem de sucata, tendo também um centro de abate e descontaminação de veículos em fim de vida. Na Sucatas Lopes compram, fazem a triagem e vendem o material. Trabalham com todo o tipo de sucata que possa ser reciclável excepto materiais perigosos.Quando o material chega à empresa, depois de pesado, é enfardado e vendido a uma empresa que depois vai triturar o material e enviá-lo para a ‘cirurgia’, que significa a sua destruição. Todos os carros em fim de vida são descontaminados, ou seja, tira-se tudo desde bateria, óleos, vidros, pára-choques, água do radiador. Tudo o que ainda pode ser aproveitado é vendido ao cliente.Os gémeos Lopes afirmam que a crise só chegou ao seu negócio no final de 2012. Estão a trabalhar metade do que há seis meses. “A crise veio prejudicar o negócio porque as empresas não trabalham, muitas vão à falência e isso reflecte-se no nosso trabalho porque não temos material para comprar e depois vender”, explica Pedro Lopes. Se há uns anos, com o incentivo ao abate, as pessoas desfaziam-se dos automóveis com facilidade, hoje isso já não acontece. A prioridade agora é aguentar a sua viatura até à última uma vez que não há dinheiro para comprarem carros novos. Como em qualquer negócio de vez em quando têm as suas divergências mas garante que nunca se zangaram a sério. Pedro e João confessam que têm liberdade para fazerem os negócios da empresa mas gostam de pedir a opinião um ao outro. Quando não concordam com a opinião do outro são frontais e conversam até chegarem a um acordo. “Casa que não é ralhada não é governada”, diz Pedro Lopes com um sorriso. João Lopes afina pela mesma bitola e diz que, depois de mais de dez anos a trabalharem juntos, nunca se zangaram a sério e acredita que as coisas vão continuar a correr bem. “Os dois já fizemos negócios menos bons. Quando isso acontece temos que aceitar. Não nos vamos matar por causa disso”, conta João Lopes. Com a malfadada crise a pairar sobre as suas cabeças não baixam os braços e continuam todos os dias na luta. Não fazem previsões nem planos a longo prazo. Vivem um dia de cada vez sempre com a preocupação de manter a empresa a laborar. Com uma equipa de oito funcionários garantem que o despedimento dos trabalhadores não está em cima da mesa. É algo que só vai acontecer quando já não houver mesmo nada a fazer.
Os gémeos que resolveram unir-se também no mundo dos negócios

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