As mãos já começam a doer de estarem mergulhadas na água fria mas nem isso trava Maria de Lurdes, de Vila Franca de Xira, no afã de lavar a roupa no lavadouro público da Bica do Chinelo, na cidade. Está um dia de Sol e Maria esfrega a roupa e umas carpetes. Algumas são suas, outras são de pessoas que lhe pedem e lhe dão gratificações que ajudam nas compras do supermercado e para pagar as contas da farmácia. “Tenho uma reforma baixa e às vezes faço uns favores que sempre dão para pagar os medicamentos”, conta-nos. Tem 73 anos mas diz que a idade é mental e não física. Antigamente a água que corria no lavadouro descia directamente da fonte da Mina, mas esses tempos já lá vão. Agora a água é canalizada e o tanque é fechado. “A água da Mina era melhor para a roupa escura do que esta água do cano”, garante Maria de Lurdes. Em alguns dias o lavadouro chega a ter quatro e cinco pessoas a lavar a roupa. Sai mais barato que na máquina e os resultados são melhores, dizem. O que é preciso é não faltar a força de braços.Filipe Matias