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Quinta-Feira de Ascensão é feriado em dez concelhos da região mas poucas câmaras assinalam a data

Apesar de não organizarem actividades alusivas à data, as autarquias não pensam em mudar o seu feriado municipal

A Quinta-Feira de Ascensão ou Dia da Espiga é feriado municipal em dez concelhos da área da abrangência de O MIRANTE, mas o poder local passa ao lado da data. A excepção é a Chamusca com a grande festa da Semana da Ascensão organizada pelo município. As actividades ligadas à tradição de ir apanhar a espiga ao campo vão sendo garantidas pelos cidadãos ou associações e comissões de festas.

A apanha da espiga é uma tradição que algumas pessoas ainda alimentam todos os anos na Quinta-Feira da Ascensão, dia em que a Igreja Católica comemora a ascensão de Jesus Cristo ao céu. Nesse dia é feriado municipal em muitos concelhos da área de abrangência de O MIRANTE mas a maior parte das autarquias praticamente não o celebra. Se a tradição não morre é graças à população, às associações e a algumas paróquias que continuam a celebrar a data. No concelho do Cartaxo são os próprios cidadãos que se deslocam para zonas perto do rio Tejo, como Reguengo de Valada ou Porto de Muge, para fazerem piqueniques e apanharem a espiga que guardam em casa o resto do ano como manda a tradição. Na opinião do presidente da autarquia, Paulo Varanda, não existe necessidade de assinalar a data já que a tradição continua a ser mantida. “Poderíamos até estragar o espírito de algo que surge espontaneamente”, justifica o autarca que todos os anos vai também apanhar a espiga. O autarca defende que não faria sentido mudar o feriado municipal já que os cartaxeiros estão habituados e até iriam estranhar. Também em Almeirim são os próprios moradores que tomam a iniciativa de irem para o parque de merendas da Raposa ou para a Barragem dos Gagos. “Nos últimos anos, a câmara nunca organizou nada. Existem pessoas que trabalham noutros concelhos e que não gozam este feriado. Estar a organizar algo que só iria beneficiar alguns não faria muito sentido”, nota o vice-presidente da câmara Pedro Ribeiro. O autarca acredita que os pais vão passando a tradição de ir apanhar a espiga aos mais novos, embora o próprio reconheça que aproveita este dia para trabalhar e tratar de outros assuntos que não consegue noutros dias da semana. “Nunca fomos abordados no sentido de mudar este feriado, acho que para já deve ser mantido porque está enraizado”, acrescenta. No concelho de Benavente existem programas, embora nenhum parta da câmara. A paróquia organiza a conhecida Festa de S. Brás, na Barrosa, que este ano vai contar para além da tradicional apanha da espiga, da procissão e de uma missa, com a reabertura da Igreja de S. Brás, depois de ter sido restaurada. O Convento de Jericó, situado entre Salvaterra de Magos e Benavente, também tem sido ponto de encontro para prestar homenagem à escultura representativa de S. Baco. A Associação Recreativa e Cultural de Samora Correia (ARCAS) e a comissão de Festas em Honra de Nossa Senhora da Paz de Benavente também organizam neste dia algumas actividades ao ar livre que tem por tema a espiga. “Não se justifica estarmos a organizar mais coisas porque já existem estas tradições enraizadas. Não íamos apresentar programas paralelos”, justifica o presidente da Câmara de Benavente, António José Ganhão. Estas actividades já estão tão enraizadas na comunidade que o autarca defende que uma mudança do feriado não acolheria qualquer aceitação já que faz parte da identidade cultural. A tradicional procissão e cerimónia religiosa em torno do Senhor da Boa Morte, que leva todos os anos dezenas de pessoas até ao monte de Povos, é a única iniciativa que acontece em Vila Franca de Xira, sendo organizada pela paróquia e comissões de festas. Muitos dos fiéis levam um ramo de espiga na mão enquanto sobem ao monte. A presidente da câmara, Maria da Luz Rosinha, diz que a “tradição é para manter para que as pessoas que desejem ir ao monte possam ir”. E acrescenta: “Não faz sentido mudarmos o feriado porque a história não se muda”.Em Alcanena já existe uma programação do município para a Quinta-Feira de Ascensão, embora seja utilizado para celebrar o 99º aniversário do concelho, que acontece no dia anterior, a 8 de Maio. “Se celebrássemos no dia 8 de Maio pouca gente apareceria porque é um dia de trabalho”, justifica a presidente da câmara, Fernanda Asseiceira. O pavilhão Carlos Calado vai acolher várias exposições e actividades de todas as freguesias do concelho, onde também estará representada a tradição da apanha da espiga. “Vivemos um momento difícil com a extinção de freguesias e achamos que o melhor seria mesmo concentrarmos o nosso programa nesse tema”, acrescenta a autarca. Alguns moradores continuam a realizar piqueniques na Capela de Santa Marta, em Moitas Venda, para assinalar o Dia da Espiga. Fernanda Asseiceira confessa que já equacionou mudar este feriado municipal para o dia em que é comemorado o aniversário do concelho, mas garante que jamais tomará esta decisão sem auscultar a “sensibilidade da população”.Municípios sem informação na internetOs municípios que celebram o feriado municipal na Quinta-Feira de Ascensão (Alcanena, Almeirim, Golegã, Torres Novas, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Salvaterra e Vila Franca de Xira) não disponibilizam qualquer informação nos seus sites na Internet sobre a data, com excepção da Chamusca que celebra nesta altura a festa da Semana da Ascensão e de Salvaterra de Magos, que dá destaque a uma actividade da Casa do Benfica de Salvaterra que vai organizar o “Torneio da Espiga”, dedicado ao ténis, nos dias 4 e 5 de Maio. Em Torres Novas só se consegue encontrar informação no site da empresa municipal Turriespaços, que vai promover uma caminhada de 10 km que inclui um piquenique. Em Azambuja, o município costuma aproveitar o dia para atribuir medalhas de mérito municipal, mas para este ano não existe qualquer informação oficial. A Associação Desportiva e Cultural de Casais da Lagoa, Aveiras de Baixo, volta a organizar uma caminhada da espiga e à noite um espectáculo de danças de salão.

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