Foi devido às relações que muitos artistas fundadores da Gravura - Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses tiveram com o movimento neo-realista que a Fundação Caixa Geral de Depósitos - Culturgest, optou por escolher o Museu do Neo-Realismo, tutelado pela câmara Municipal de Vila Franca de Xira, para expor pela primeira vez, parte da colecção de gravuras, todas com o nº 1 da respectiva tiragem, comprada em 2007 ao Eng.º Manuel Torres, que é considerado “uma das raras pessoas que, não sendo artista, impulsionaram a ideia de constituição da cooperativa e sempre acompanharam a sua vida”.Entre as várias iniciativas com que a direcção do Museu do Neo-Realismo celebra, no Sábado, o Dia Internacional dos Museus, está uma visita guiada à exposição a que foi dado o nome de “A doce e ácida incisão. A Gravura em Contexto (1956-2004)”, a partir das 21H30 (mediante inscrição prévia). Horas antes, às 16h00 realiza-se uma sessão evocativa da Cooperativa Gravura com a presença de Júlio Pomar e Julião Sarmento, dois dos artistas com obras expostas.Na introdução ao catálogo da exposição, onde são publicadas, pela primeira vez, imagens de todas as seiscentas e quarenta e quatro obras, o Presidente do Conselho de Administração da CGD, Fernando Faria de Oliveira, refere-se ao Museu de Vila Franca de Xira como “Instituição de grande prestígio” e explica o que levou a Fundação a editar o catálogo de 356 páginas. “Este catálogo ficará como uma referência para o conhecimento e estudo da gravura artística, também chamada de original, produzida no nosso país”.A Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, sublinha, no texto que escreveu para o catálogo, que uma das virtudes do museu é a sua capacidade para gerar parcerias de carácter institucional que ajudam a projectar não só o seu trabalho intrínseco como o próprio nome da cidade. Maria da Luz Rosinha destaca o facto de a parceria entre o museu e a Culturgest decorrer em tempos em que a atenção dada à cultura costuma diminuir. “(...) num momento em que tanto se fala de crise económica e da necessidade de partilhar a produção de iniciativas culturais, a exposição e o catálogo que agora se apresentam constituem exemplos de excelência no que diz respeito ao envolvimento profissional de diferentes instituições e equipas de trabalho que uniram esforços em prol de um objectivo comum”, escreve a autarca.David Santos (director do Museu), que com Delfim Sardo constitui a equipa de curadores da exposição, destacam a Gravura como “(...) o motor dos desenvolvimentos da arte em Portugal, um reflexo dos anseios de sucessivas gerações de artistas que aí concretizaram aspirações ideológicas e políticas, mas também outras formas que se pretendiam inovadoras de relação entre arte e imagem, entre manufactura e processos mecânicos de reprodução, entre preocupações estéticas e a construção das suas condições de recepção”.O programa completo que o Museu do Neo-Realismo preparou para o Dia Internacional dos Museus, que inclui lançamento de papagaios de papel, o Jogo da Glória do Neo-realismo, Poesia e Música, pode ser consultado em www.museudoneorealismo.pt.