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Augusto Dias é um apaixonado do xadrez que lamenta a falta de interesse dos jovens

Aos 78 anos é jogador e presidente do Grupo de Xadrez Peões de Alverca

“Cheque” e “Cheque Mate” serão duas das palavras que Augusto Dias mais terá dito ao longo dos 78 anos que leva de vida. O interesse pelo xadrez surgiu quando vivia em Angola e foi-se tornando paixão com o passar dos anos. Ajudou a criar o Grupo de Xadrez Peões de Alverca, em 1992, onde é actualmente presidente da direcção. Já foi duas vezes campeão distrital de Lisboa, em veteranos, a última das quais na época que finda.

Augusto Dias passa diariamente pela sede do Grupo de Xadrez Peões de Alverca. Fá-lo como presidente da direcção dos Peões mas sobretudo pelo amor à modalidade que começou a seguir com 16 anos, acicatado pelos duelos televisivos entre Fischer e Spassky. Tem 78 anos e uma vida dedicada ao xadrez, à mistura com alguns títulos, como o de campeão distrital de Lisboa em veteranos, o segundo dos quais alcançado na época 2012-2013. Obteve seis vitórias e uma derrota, o mesmo que outros jogadores, mas ganhou no desempate. Ainda em Angola, onde viveu até ao 25 de Abril, foi campeão provincial de xadrez no ano de 1968.No pavilhão cedido pela Câmara de Vila Franca de Xira, onde funcionou a velha sede da Filarmónica Alverquense, funciona a base dos Peões de Alverca no primeiro andar, por cima do Cegada Grupo de Teatro. É onde Augusto Dias passa boa parte do dia, geralmente de tarde. Há 11 mesas e 11 tabuleiros montados, além de outros guardados. “Costumo estar sempre aqui a partir da tarde, uma vez que estou aposentado. Ao final da tarde vão chegando outros colegas e vamos jogando umas partidas por diversão”, conta Augusto Dias, despachante da alfândega na reforma.Augusto Dias encontra mais razões para jogar xadrez. Além da beleza dos movimentos das peças e da estratégia exigida, o xadrez confere disciplina e concentração, sendo excelente para trabalhar a mente. “Este trabalho mental é uma forma de combater o aparecimento da Alzheimer”, garante.Aliás, toda a sua vida Augusto Dias tem tentado fazer crescer o xadrez por onde tem passado. A história dos Peões de Alverca começa em 1992 mas Augusto Dias fez várias tentativas de criar grupos de xadrez em diversos emblemas por onde passou, mas a modalidade acabava sempre preterida.“Um dia íamos jogar com uma equipa de Lisboa quando estávamos integrados nos bombeiros de Alverca e jogámos na sala da direcção. Passava das 11 da noite e aparece um bombeiro a dizer que queria fechar o quartel, e fechou mesmo. Tivemos de parar o jogo”, recorda hoje com um sorriso Augusto Dias, mas na altura ficava revoltado com as facadas que davam no xadrez e nos seus adeptos. “O problema ainda hoje é o futebol e boa parte dos casos. Noutras colectividades de cultura, gostam mais de música e outras actividades”, acrescenta.Augusto Dias criou uma secção de xadrez em Arroios, mas num dia em que iam jogar contra outra equipa estava um grupo a jogar às cartas. Perderam por falta de comparência. Passou pelo selecto Ávila Atlético Clube mas perdeu a “batalha” para os jogadores de póquer. Já em Vila Franca tentou criar uma secção na Cooperativa Alves Redol, no Ateneu, nos Bombeiros de Alverca, mas foi sol de pouca dura. Cansado de tanta falta de solidariedade com o xadrez, ajudou a criar os Peões de Alverca em 1992, que esteve alguns anos integrado na Filarmónica Alverquense, até se tornar um clube independente.O clube joga na II Divisão Nacional mas também já alcançou um título da I Divisão. E garantem que se um dos mestres da equipa principal deste ano tivesse jogado em mais ocasiões, teriam ficado em primeiro da sua série e não em terceiro.Os Peões de Alverca contam com cerca de 30 atletas federados. Os melhores participam na Nacional da II Divisão. Há ainda a participação de vários jogadores em torneio distritais, no campeonato de Lisboa de veteranos, na Taça de Lisboa, onde vão à frente da classificação, ou no próprio torneio organizado pelo clube em Junho. Jovens a praticar são poucos e os computadores vieram lançar alguma confusão. “Se por um lado eles aprendem a jogar xadrez no computador, o que é bom, por outro passam a querer jogar apenas nesse meio, e perdem o contacto com o tabuleiro e com as peças”, explica Manuel Rocha, vogal da direcção dos Peões.

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