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“As pessoas não têm dinheiro para recorrer a advogados”

“As pessoas não têm dinheiro para recorrer a advogados”

Luís Morais, 52 anos, advogado, Alverca do Ribatejo

Diz que tem praticamente tudo o que é preciso para ser feliz. Lamenta que muitas pessoas não tenham acesso à justiça por não terem dinheiro. Luís Morais, 52 anos, é um conhecido advogado de Alverca do Ribatejo e mora na Póvoa de Santa Iria. É casado e tem dois filhos. Antes de tirar o curso de Direito pensou em seguir desporto, influenciado por anos de prática regular de atletismo. Gosta de política e já exerceu um cargo de vereador numa câmara municipal. Costuma organizar jantares em casa para os amigos.

Nunca fui o melhor nem o pior de nada. Era um aluno regular e quando queria passar de ano aplicava-me a estudar. Cheguei a chumbar no ano que agora corresponde ao 8º ano. Na altura meti-me na política e distraí-me com os estudos. Cheguei a andar a colar cartazes com o Durão Barroso. Nasci e cresci em Santa Iria de Azóia. Lembro-me de andar a brincar na rua e de vestir uma bata da escola a imaginar que era o Super-Homem. Há políticos que nunca fizeram nada na vida. Há 20 anos integrei as listas do PS de candidatura à Câmara Municipal de Loures. Cheguei a ser vereador mas em substituição. Este ano vou participar novamente numa lista nas próximas eleições autárquicas. A política nunca me trouxe dissabores. Despertei na altura do 25 de Abril. Hoje em dia os jovens chegam à política muito mais tarde. As pessoas não devem ter uma situação de exclusividade na política porque isso impede-as de tomar as melhores decisões para servir a causa pública. Por pouco não segui desporto. Pratiquei atletismo quando era jovem no Povoense. Só não entrei para um curso de desporto porque era preciso a matemática e eu não era bom aluno. Depois acabei por me inscrever em Direito. Na altura nem queria ir porque era um curso que não me atraía. Mas acabei por gostar muito e hoje é outra das minhas paixões. Exercer advocacia é cada vez mais difícil. As pessoas não têm dinheiro para recorrerem a advogados particulares. As despesas no tribunal são muito elevadas. O apoio judiciário não é atribuído a qualquer pessoa e muita gente acaba por ser deixada ao abandono. Por vezes não chego a levar dinheiro a muita gente porque sei que as pessoas não podem pagar. Gosto de passar tempos livres em casa ou ir ao teatro. Não trabalho aos fins-de-semana. Gosto muito de convidar amigos para uns jantares. Tenho sorte de a minha esposa também gostar deste tipo de convívio. O último espectáculo que vi foi o Peter Pan, de Filipe La Féria. Também vou a uns jantares temáticos que são promovidos por um clube de literatura de Lisboa. Nas férias gosto de ir para o Algarve. Tenho a mania que sei cozinhar mas na verdade apenas dou uns toques na cozinha. Também ajudo em tudo o que for preciso em casa. Lavo a loiça, dou um jeito na cozinha. Só passar a ferro é que não sei. Sou Sportinguista, mas não vibro com o futebol. Não sei sequer quem são os jogadores da equipa. Gosto de viver na Póvoa de Santa Iria. É uma cidade bem arranjada e tratada. Em Santa Iria da Azóia de onde sou natural não existe nada. Os anos ligados ao Povoense e ao atletismo fazem-me sentir também um bocadinho de cá. Se fosse rico não mudava muito a minha vida. Neste momento tenho quase tudo para estar bem. A felicidade não passa necessariamente pelo dinheiro. O que traz felicidade são os outros e não os bens materiais. Ter a família ao meu lado é uma das coisas mais importantes. Gosto de criar consensos em redor e de promover a harmonia. Sinto-me à vontade a tentar fazer acordos e conciliações. Não gosto de ir à procura de confusões ou de criar conflitos. Mesmo na advocacia quando vejo que não vale a pena insistir numa causa prefiro dizer isso às pessoas.Eduarda Sousa
“As pessoas não têm dinheiro para recorrer a advogados”

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