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“Sou pediatra desde que acordo até que me deito”
Dina Eiras recomenda aos pais bom senso e avia como principal receita o amor pelas crianças
O mais gratificante para Dina Eiras, como resultado do esforço, é verificar que as crianças que atende estão a crescer de forma saudável, capazes de fazer uma vida plena e sem limitações.
O contacto de uma criança com um médico é sempre marcante e por isso, Dina Eiras, 33 anos, médica pediatra, decidiu substituir a convencional bata branca por outra mais colorida, tal como o estetoscópio que coloca no pescoço. Por vezes, as crianças entram um pouco a medo e o desafio passa por conquistar a sua confiança e “desmontar” na cabeça delas que não estão ali para “levar picas”. Ser médica pediatra é mais do que tratar uma patologia. “É uma especialidade transversal que acompanha a idade de uma criança. Responsabilizamo-nos pela vigilância e, através das consultas de rotina, verificamos se está a crescer bem fisicamente e a desenvolver as suas capacidades intelectuais ou cognitivas ou neurológicas”, sublinha no seu gabinete médico, numa clínica do Entroncamento. Trabalha ainda no Hospital de Santarém e tem consultório em Almeirim.Mãe de dois filhos pequenos, Dina Eiras fala com entusiasmo sobre a profissão que abraçou há quase sete anos. Considera que a melhor receita que pode aconselhar aos pais é “o amor”, sendo também importante manterem a coerência em situações idênticas, ou seja, não mudarem o comportamento. “As crianças têm que saber, em cada situação, o que podem esperar daqueles pais. Uma coisa que é péssima para os mais pequenos é quando os pais reagem ao mesmo comportamento de forma diferente ou conforme estejam cansados ou não, em casa ou na rua”, exemplifica. “Acima de tudo é importante fazer tudo com amor pelas crianças. Mesmo quando ralham ou colocam de castigo, tem que ser em prol do bem da criança”, defende.Desde pequena que Dina Eiras tinha a noção que viria, no futuro, a trabalhar com crianças. Mais tarde achou que queria ser médica e acabou por juntar as duas vertentes, concluindo o internato em 2011, já após ter tido a primeira filha. “Acabou por ser uma escolha natural uma vez que era a parte da medicina onde sentia um retorno mais gratificante”, atesta. Mais difícil, às vezes, do que lidar com os mais pequenos é transmitir aos pais as noções básicas de puericultura e motivar uma educação por premissas positivas. “É um desafio grande ensinar aos pais como é que devem lidar com os filhos. As crianças não são adultos em miniatura. Temos que ter uma postura diferente daquela que temos quando lidamos com um adolescente ou um adulto”. A pediatra sublinha ainda que “cada criança é um mundo” e o que é válido para uma pode não ser para outra.A hiperactividade (perturbação de hiperactividade com défice de atenção) existe e tem critérios de diagnóstico clínicos claros. O pediatra, pelo comportamento da criança em diversas situações, verifica se se cumprem ou não determinados parâmetros. Mas não pode ser confundida com indisciplina. “As crianças vão estar sempre a testar os limites dos pais. É o papel delas. O papel dos pais é continuar a assegurar à criança que os limites são aqueles. É um processo contínuo, que dá trabalho. E mesmo uma criança que seja mais mexida que as outras deve saber quais os limites impostos”, salienta.Dina Eiras confessa que tem dificuldades em desligar e continua a ser pediatra mesmo quando não está a trabalhar. “Sou pediatra desde que me levanto até que me deito e sou mãe desde que me levanto até que me deito”, atesta. O seu dia começa muito cedo, com uma reunião clínica no Hospital de Santarém, a passagem pela enfermaria ou a prestar consulta de desenvolvimento e, tal com os outros especialistas, também faz banco nas urgências durante 24 horas onde atende casos de doença aguda. O mais gratificante para Dina Eiras é verificar que as crianças que atende estão a crescer de forma saudável, capazes de fazer uma vida plena e sem limitações. “Ser pediatra é uma responsabilidade muito grande. Por vezes vou ao parque ou ao jardim com os meus filhos e vejo crianças que tratei a brincar felizes. Acaba por ser a minha maior recompensa”, sintetiza.
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