
De aguadeiro a juiz da festa em Carregueiros
Agostinho Évora, 51 anos, mais conhecido pelo apelido de “Tinoca”, já perdeu a conta aos anos em que colabora com as festas anuais em honra do Divino Espírito Santo de São Miguel de Carregueiros, em Tomar. O ponto alto das festividades assenta no cortejo dos tabuleiros que se repete a cada domingo de Pentecostes, o sétimo a seguir à Páscoa. Filho da terra, trabalhador na construção, foi várias vezes aguadeiro mas, este ano, recebeu de coração aberto o testemunho de vir a ser o juiz da próxima festa. O convite surgiu de forma natural, fruto da sua dedicação e boa disposição. “Para mim é emocionante. Todos os anos participo tal como na Festa dos Tabuleiros, que se realiza de quatro em quatro anos em Tomar. Ser aguadeiro é mais para a paródia mas como juiz sei que tenho outra responsabilidade”, assevera a O MIRANTE. A tradição é assegurada pela Confraria do Divino Espírito Santo de Carregueiros cuja origem remonta a 1226. O cortejo sai do recinto da Capela de Santo Amaro em direcção à Igreja Paroquial, após a celebração da missa, percorrendo as ruas da aldeia. O grupo de gaiteiros de Carregueiros anuncia a procissão. Os foguetes são lançados de quando em vez. Os tabuleiros que desfilaram no domingo, 19 de Maio, continham trinta pães e são enfeitados com flores naturais. A menina ou senhora que leva o tabuleiro à cabeça vai vestida de branco, sinal de pureza. O menino ou homem que a acompanha veste fato e gravata. Vários pendões alusivos ao Espírito Santo seguem na frente e o povo, guiado pela fé, segue na retaguarda. Depois do pároco benzer os tabuleiros, estes são imediatamente desmanchados e o pão é distribuído pelos presentes. Elsa Ribeiro Gonçalves
