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O contabilista que decidiu mudar de vida e virar-se para a área da restauração

O contabilista que decidiu mudar de vida e virar-se para a área da restauração

Luís Ferreira está à frente do Scalibar, em Santarém, há nove anos

Apesar de gostar de números cansou-se de ficar o dia inteiro fechado numa sala em frente a um computador. O empresário diz que gosta de comunicar e foi isso que o fez mudar de ramo.

Depois de concluir o curso de Técnico de Contabilidade e Gestão e de trabalhar três anos na área da contabilidade, Luís Ferreira resolveu mudar de vida. A esposa não conseguia arranjar emprego e decidiram arriscar emigrando para a Suíça, onde tinham familiares. Lá, trabalhou na área da restauração onde aprendeu tudo o que sabe hoje.A ideia inicial era permanecerem no estrangeiro enquanto construíam casa em Portugal. As coisas correram bem e seis anos depois decidiram regressar. “Chegámos a uma altura em que tivemos que tomar uma decisão. Queríamos constituir família e decidimos que íamos ter um filho no nosso país. É muito complicado estar longe da família mais próxima”, afirma o empresário a O MIRANTE acrescentando que não se arrependeu da decisão que tomou.Natural de Alcanede mas a morar no Secorio, Luís Ferreira, 41 anos, é proprietário do snack-bar Scalibar, junto ao Hospital de Santarém, há nove anos. Quando regressou ao seu país foi trabalhar para um café de um amigo, na sua terra natal, onde se ambientou aos preços praticados cá, até que, depois de pesquisar o mercado, decidiu ficar à frente do Scalibar.Luís Ferreira é um homem que não tem medo da mudança. Além de mudar de país também mudou de profissão. Garante que a melhor coisa que fez foi deixar a contabilidade. Apesar de gostar de números cansou-se de ficar o dia inteiro fechado numa sala em frente a um computador. O empresário diz que gosta de comunicar e foi isso que o fez mudar.Considera que os primeiros sete anos à frente do Scalibar foram óptimos mas que os dois últimos foram péssimos. “A parte fiscal é muito agressiva, os empresários são muito sobrecarregados. Quem faz as leis em Portugal não tem a mínima noção do que é o mercado real”, crítica.Luís Ferreira sabe que tem clientes com salários de 600 euros ou menos e que precisam de almoçar todos os dias, por isso aposta em preços económicos. O prato do dia custa seis euros. “É um valor que quase não paga a despesa. Na verdade o prato custa 4,80 mais IVA. O resto do valor, o IVA, vai para o Estado. Não posso cobrar mais porque as pessoas também não têm possibilidade de pagar mais”, lamenta.O seu dia-a-dia é puxado. Às oito horas já abriu o snack-bar, onde servem pequenos-almoços. As duas funcionárias que trabalham na cozinha dão o litro para ao meio-dia os almoços estarem prontos a servir. Todos os dias há quatro pratos do dia. Dois de carne e dois de peixe. O espaço não é muito grande, o que o torna acolhedor e sossegado para almoçar. Em média, serve 30 almoços por dia. O objectivo é servir rápido uma vez que os seus clientes não têm muito tempo para almoçar. É o próprio quem, durante a tarde, vai às compras para o almoço do dia seguinte. Nunca sai do estabelecimento antes da meia-noite. Também serve jantares mas o momento forte são mesmo os almoços.A qualidade da comida servida e os preços baixos ajudam a fidelizar a clientela. Se for preciso também dá uma ajuda na cozinha, embora prefira cozinhar em casa. Arroz de marisco, paella (prato espanhol) ou qualquer receita que envolva massas são as suas especialidades. É um trabalho cansativo mas que lhe dá muito gozo.O facto de ter escolhido um estabelecimento perto do hospital e de um hotel não foi ao acaso. A toda a hora estão a entrar clientes. Durante a entrevista com O MIRANTE a conversa foi interrompida diversas vezes para Luís Ferreira atender quem chegava e servir um café ou um bolo da sua pastelaria. O empresário apenas lamenta a falta de tempo para a família, amigos e inclusive para o próprio. “Não me posso dar ao luxo de ter uma dor de cabeça”, diz.Nos poucos tempos livres que tem gosta de fazer motocross. Serve para descomprimir dos dias mais cansativos. “Quando parto os ossos sempre tenho uns dias de descanso”, brinca. No entanto, revela que mesmo quando se lesiona não falta ao trabalho. Há dois anos partiu uma omoplata mas continuou a trabalhar. “Neste tipo de trabalho é imprescindível a presença do responsável para resolver todas as situações do dia-a-dia. Temos que estar aqui para dar a cara”, conclui.
O contabilista que decidiu mudar de vida e virar-se para a área da restauração

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