uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Ana Batista celebra 25 anos de carreira e não há crise que a afaste do toureio

Cavaleira tauromáquica de Salvaterra é uma referência na arte de tourear no feminino

Familiares, amigos e aficionados juntaram-se na terça-feira, 18 de Junho, no Centro de Interpretação e Educação Ambiental do Cais da Vala, em Salvaterra de Magos, para celebrar os 25 anos de carreira da cavaleira Ana Batista. Mesmo com os tempos difíceis, nada desanima a toureira que não se vê a fazer mais nada.

Nem a redução de cachets ou a diminuição de corridas em algumas praças do país desmotiva alguém que tem no toureio uma das paixões da sua vida. A cavaleira de Salvaterra de Magos, Ana Batista, que comemorou os 25 anos de carreira no mesmo dia em que completou o 35º aniversário, a 18 de Junho, sofre na pele os efeitos da crise mas prefere seguir em frente e aproveitar todas as oportunidades que vão surgindo. Vestida com um fato clássico e exemplarmente maquilhada, Ana Batista irradiou simpatia e afecto pelos mais de 50 convidados que celebraram os seus 25 anos de toureio e o 35º aniversário. Mal tinha chegado de uma actuação na Califórnia, quando se deparou com cartazes a anunciar esta iniciativa em Salvaterra. Emocionada com o gesto, revelou que esta época tem sido uma das melhores a nível do número de corridas, contrariando a crise que se vive no país e já obrigou muitas praças a reduzir o preço dos bilhetes e as corridas. “Felizmente está tudo muito bem encaminhado. Tenho o mês de Agosto completamente preenchido, talvez o melhor da minha carreira. Só espero que o público apareça senão depois será complicado para os empresários”, disse. Para já tem sentido que os espectáculos que não estão inseridos nas festas tradicionais se ressentem mais com a redução do público. A cavaleira explica que os cachets têm vindo a ser diminuídos e que já ganhou mais dinheiro quando era amadora. “As coisas mudaram muito. Os meus colegas que levam mais anos na profissão notam mais. Eu, como actuei durante muito tempo como amadora, não noto tanto essa diferença”, repara. Emigrar tem sido a solução que alguns cavaleiros portugueses têm encontrado, mas esta não será a opção de Ana Batista. No ano passado chegou a passar cinco meses no México durante o Inverno, o que permitiu abrir novas portas. “Tourear no Inverno é algo que todos os toureiros querem, mas por outro lado também temos cá os cavalos e não os podemos ter parados”, explica. O dinheiro que ganha durante a temporada tem ajudado a equilibrar as contas e a cavaleira não precisou ainda de arranjar um segundo emprego, até porque diz que “as 24 horas de um dia não chegam sequer para treinar”. Os custos associados à actividade são muito elevados e Ana Batista já prometeu a si própria que não pode ter mais do que os 20 cavalos actuais. “Sempre que vai lá o veterinário fico com o coração nas mãos. Nunca sabemos o que esperar e a ração também é cara. Depois tenho de alugar também as vacas, enfim, não é fácil”, assume.Mesmo num momento conturbado, a cavaleira aconselha os mais novos a seguirem a profissão se é isso que desejam. “Sempre foi um mundo muito difícil mesmo sem esta crise que agora vivemos. É preciso fazer muitos sacrifícios. Lembro-me de ser ainda uma jovem e pedir dinheiro emprestado a um amigo para poder pagar o gasóleo para ir actuar”, recorda. No dia em que celebrou o 35º aniversário, Ana Batista não pensou ainda como será depois de se despedir das arenas, mas garante que a sua vida terá de continuar ligada ao toureio, onde se sente feliz e realizada. “Vivo um dia de cada vez, não penso muito. Enquanto estiver bem emocional e fisicamente quero continuar a minha carreira. Depois logo se vê”, conclui. Uma carreira de sucessosHá 25 anos ninguém adivinhava até onde poderia chegar a carreira de Ana Batista. No dia 30 de Julho de 1994, aos 16 anos, enfrentou um toiro a sério no Campo Pequeno tendo arrecadado o “Troféu Incentivo”. Desde aí que a sua carreira nunca mais parou. Em Espanha, integrou o Quarteto das Amazonas d’el Arte com três jovens cavaleiras que queriam singrar no mundo da festa brava. Tirou a alternativa em 2000, em Coruche, tendo como padrinhos Joaquim Bastinhas e Conchita Citron. Foram muitos os triunfos que somou ao longo da sua carreira, tornando-a hoje uma das grandes figuras do toureio nacional. A homenagem organizada em Salvaterra de Magos contou com a colaboração da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, do Clube Taurino Salvaterrense e da empresa Tauroleve.Ana Batista com corrida a 2 de Agosto em SalvaterraEstá agendada para o dia 2 de Agosto uma corrida comemorativa dos 25 anos de toureio de Ana Batista em Salvaterra de Magos, onde estará acompanhada por António Ribeiro Telles e João Salgueiro e enfrentará toiros da ganadaria Palha. As pegas vão estar a cargo do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira e Salvaterra.

Mais Notícias

    A carregar...