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O Che Guevara da política que desafia o povo a afrontar o poder local

O Che Guevara da política que desafia o povo a afrontar o poder local

Polémico autarca Rui Perdigão diz que João de Carvalho foi um “flop” e Alberto Mesquita é boa pessoa mas vacila perante interesses

Já foi processado por chamar palhaço ao presidente da Assembleia Municipal de Vila Franca e há cerca de um ano também o vice-presidente da câmara, Alberto Mesquita, perdeu a compostura e chamou-lhe “canalha” em plena assembleia. Rui Perdigão, de Alhandra, é um rosto polémico que não usa palavras mornas. Considera que a revisão do PDM foi um piscar de olhos aos interesses imobiliários e diz que as pessoas não devem ter medo de falar.

O autarca de Alhandra a quem chamam o Che Guevara da política pelas suas intervenções polémicas, mesmo revolucionárias, considera que o poder político local precisa de ser afrontado porque lida mal com as intervenções do povo. Sobretudo quando estas são críticas em relação à gestão autárquica. Rui Perdigão, de Alhandra, já foi arguido num processo de difamação por ter chamado palhaço ao presidente da Assembleia Municipal de Vila Franca, João Gaspar, em 2006. Apesar de dizer que está mais comedido na forma como expõe garante que não se vai calar nem que a voz lhe doa. Eleito da Assembleia de Freguesia de Alhandra, onde reside, Rui Perdigão é a voz mais polémica do concelho de Vila Franca de Xira, o que já lhe valeu os rótulos de revolucionário ou contestatário. O autarca independente eleito pelo Bloco de Esquerda, não liga muito às alcunhas mas não deixa de apontar que o povo deve “dizer as coisas como elas são” e sem receios. “As pessoas viveram 50 anos numa ditadura em que nada se questionava. Não estão habituadas a pronunciar-se e quando o fazem perante o poder político têm receio porque têm os seus pequenos interesses”, refere.No processo por ter chamado palhaço ao presidente da assembleia municipal não foi condenado com o acordo de pedir desculpas públicas ao eleito. Mas não o fez até agora e não tenciona fazê-lo. “Já gastei muito dinheiro em advogados. Isso já me serve de pena”, justifica. Depois disso tem sido por vezes impedido de falar na assembleia pelo actual presidente, João Quítalo. Em 2008 durante a revisão do Plano Director Municipal envolveu-se numa discussão com o vice-presidente da câmara, Alberto Mesquita, que o desafiou a resolverem a questão na rua. No ano passado quando foi a uma assembleia municipal colocar questões sobre a ligação entre a câmara e o grupo Obriverca voltou a tirar do sério Alberto Mesquita, que lhe chamou “canalha”. Sobre a revisão do Plano Director Municipal (PDM) de 2010 diz que se tratou de um “piscar de olhos” aos interesses imobiliários, realçando que os autarcas têm uma visão de fobia ao vazio e sublinha que a especulação imobiliária não acabou com a crise. Em relação à freguesia onde vive desde os 10 anos diz que o povo de Alhandra é que devia decidir num debate o futuro do Teatro Salvador Marques. Imóvel está degradado o que tem levado Rui Perdigão a bater-se pela sua preservação. Também considera que deve ser a população a decidir o que fazer com o pelourinho, que continua guardado numa arrecadação.Não tem opinião sobre a época em que o concelho era gerido pela CDU, com o presidente Mário Branco, porque era demasiado novo para entender as coisas da política. Mas sobre os últimos tempos diz de pronto que João de Carvalho, eleito vereador pelo Coligação Novo Rumo e candidato pelo PSD à câmara, foi “um flop político” e que não passou de uma “muleta” do PSD. Quanto ao socialista Alberto Mesquita, também candidato nestas eleições, diz que é um homem de bom carácter e boas intenções mas que “vacila perante interesses instalados”. Rui Perdigão vai ser o cabeça de lista do Bloco de Esquerda à futura União das Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz. Considera que estar ligado a um partido político não lhe tira independência. Já tentou criar uma lista independente para concorrer à junta de freguesia nas eleições de 2009 mas não conseguiu gente para formar as listas. O arquitecto de 35 anos, natural de Lisboa, confessa que a sua postura nunca lhe causou prejuízos pessoais ou profissionais. “Não devemos ser acríticos. Em vez de ser passivo e ficar condicionado pelo ambiente prefiro participar. Se quisesse ser contestatário limitava-me a protestar e a reclamar. Esse não é o meu feitio e por isso me envolvi na política, para estar sujeito à crítica e poder participar e colaborar nas decisões”, refere o eleito pelo Bloco de Esquerda. Garante que “nunca” colaboraria com os partidos que colocaram Portugal no estado em que se encontra e diz que algumas pessoas de maior idade que colaboram com o Bloco de Esquerda se aproximam dos ideais do extinto Partido Renovador Democrático. Nota que o Bloco é demasiado novo para poder alcançar freguesias no país e classifica os actuais regimes comunistas - como a China - de ditaduras. “Não há diferença entre extrema-esquerda e extrema-direita. Sou a favor da democracia plena e participativa”, conclui.“A Europa está podre”Na União Europeia de que faz parte Portugal estão a perder-se os valores da solidariedade. “Os desígnios iniciais estão a desaparecer e aquilo que é transmitido aos europeus é uma imagem de hipocrisia, uma aparência de unidade mas onde cada um trabalha em prol dos seus interesses”, critica. Acrescenta que a europa está “podre” por haver falta de democracia, diz que o tratado de Lisboa classifica os cidadãos de “burros e estúpidos” e condena o facto dos membros das instituições comunitárias serem nomeados e não eleitos.
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