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A arte a três dimensões de Hugo Silva

A arte a três dimensões de Hugo Silva

Artista de Tomar lançou-se como freelancer há dois anos para poder fazer o que mais gosta: arte hiper real sem stress.

O que têm em comum as taças de vidro para gelados que a McDonald’s anda a promover este Verão, os barcos rabelos com colunas de som do cartaz do Festival “Meo” Marés Vivas ou as bolas que apareciam, há uns tempos, no anúncio do novo canal +TVI? A arte de Hugo Silva, 36 anos, artista freelancer que trabalha em conteúdos a três dimensões (3D). O artista esclarece que não trabalha para o cliente final mas sim para produtoras que, por sua vez, são subcontratadas por agências de publicidade que trabalham com as grandes marcas que precisam de imagens 3D. “Trabalho no fundo de uma grande cadeia”, refere no jardim da sua casa, no centro histórico de Tomar. Habituado a ser a face invisível deste processo, quando entra num McDonald’s reage com normalidade às suas taças de vidro, conta, acrescentando que quando lhe perguntam o que faz na vida tem sempre dificuldade em explicar que é um “3D artist” sem parecer muito presunçoso.Hugo Silva começou a revelar talento para o desenho na segunda classe quando já dava por si a desenhar em perspectiva. “Quando desenhava casas, inseria um segundo ou terceiro alçado. Achava aquilo muito interessante e os meus desenhos destacavam-se por isso”, recorda. Dividido entre Arte e Ciências ou Informática, durante muitos anos, a vocação falou mais alto e, no 10.º ano, no ramo de Ciências, desistiu das aulas a meio do ano lectivo para ingressar em Artes Gráficas na Escola Profissional de Tomar. “Foi a melhor opção que tomei até hoje”, conta. Quando acabou o curso já tinha emprego à espera numa agência de publicidade em Tomar, onde trabalhou durante um ano e meio. Em 1998 rumou a Lisboa, onde trabalhou mais seis anos sempre no ramo das artes gráficas. Foi nessa altura que começou a fazer programação, a desenhar sites ou jogos em flash. O “bichinho” do 3D surge em 2003, por intermédio de um amigo. “Em Portugal esta arte estava a dar os primeiros passos. Fiquei apaixonado e determinei começar a aprender mais e mais”, refere. “Dois anos mais tarde, estava a convidar esse amigo para vir trabalhar na melhor empresa de 3D, virada para a arquitectura, em Portugal”, continua. Ganhou bagagem a fazer “cidades surreais a três dimensões, em prazos surreais” durante cinco anos e, em paralelo, encetou uma busca auto-didacta pelo conhecimento.Com a perspectiva de constituir família e de fugir ao bulício da capital, regressou a Tomar em 2011 para se lançar como freelancer. “Sempre encarei o 3D como uma forma de expressão artística. Gosto de trabalhar nas texturas, nos pormenores, de transpor a história dos objectos. Talvez por ter nascido numa cidade histórica como Tomar”, conta Hugo Silva, acrescentando. Já casado e a aguardar o nascimento da filha, ruma a Londres para estudar Efeitos Visuais na Escape Studios. De regresso, com o conhecimento acumulado e uma carteira de dois ou três contactos que trouxe de Lisboa, começou a “fazer pela vida” e concebeu o www.hugoarte.com que acaba por ser o seu principal cartão de visita, através do qual recebe propostas e vê trabalhos serem publicados em revistas da especialidade. No futuro, Hugo Silva quer aliar a componente da programação à parte 3D, criando, por exemplo, aplicações para telemóveis ou jogos. “Normalmente os programadores não têm jeito para as artes e os designers gráficos abominam a programação. Eu gosto e tenho formação nestas duas componentes”, diz, acrescentando que ser freelancer é um modo de vida de que não abdica.
A arte a três dimensões de Hugo Silva

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