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Os trampolins são a alma da ginasta Rita Batista

A jovem scalabitana conseguiu, pela terceira vez, o apuramento para o Campeonato do Mundo

Rita Batista tem apenas 17 anos. É uma ginasta de eleição. Brilhou nos campeonatos nacionais e garantiu, pela terceira vez, o apuramento para o Campeonato do Mundo de Trampolins por Grupo de Idades, que se vão disputar em Novembro em Birmingham (Inglaterra) integrando a selecção portuguesa.

Nesta altura Rita Batista vive um período de férias escolares e da ginástica, mas não consegue descurar a preparação nos trampolins. A jovem é já uma referência na ginástica acrobática em Portugal e luta por um lugar ao sol a nível europeu e mundial. Tem o estatuto de alta competição, uma situação que não está ao alcance de muitos atletas portugueses, mas é de uma simplicidade tão forte que desarma qualquer mortal. Na conversa que mantivemos com a campeã, mostrou-nos uma jovem que ainda está nas nuvens, mas que mantém os pés bem assentes no chão.As vitórias que já conseguiu em Portugal e os bons resultados na Europa e no Mundo, não modificaram em nada a vida de Rita Batista. Continua a viver em Santarém, a estudar na Escola Ginestal Machado, a conviver com os mesmos amigos e a deslocar-se diariamente para o pavilhão para os treinos cada vez mais duros e exigentes. Nada agitou a rotina da sua vida.“Confesso que fiquei surpreendida com o convite de O MIRANTE para esta conversa. Nunca pensei que o apuramento para o mundial me tornasse tão importante para o jornal. Fico a dever o meu apuramento a uma vasta equipa, os meus treinadores, os meus amigos e sobretudo aos meus pais. Todos eles têm sido incansáveis no apoio e incentivo que me têm dado”, disse com simplicidade a jovem Rita Batista.A ginástica apareceu muito cedo na vida de Rita Batista. “Tinha três anos, era uma criança muito irrequieta, não parava um segundo. Nesse ano apareceu o Gimno Clube de Santarém e os meus pais decidiram levar-me para a ginástica no clube. Iniciei-me na modalidade de tumbling. Para começar era mais fácil, era apenas mais uma brincadeira. Mas fui e fiquei até hoje”, explicou a ginasta.A evolução para os trampolins foi natural e deu-se com a saída do treinador de tumbling do clube. “Foi uma adaptação fácil, já fazia uns saltitos de vez em quando, e na altura já não tinha dúvida de que era a saltar nos trampolins que me sentia bem e queria singrar”, garantiu Rita Batista.Sem dúvida que as vitórias têm ajudado. “É preciso trabalhar muito para chegar onde cheguei e quero ir ainda mais longe. Para isso tenho contado com a ajuda dos treinadores e dirigentes do Gimno Clube de Santarém, o carinho que me têm transmitido tem sido muito importante para o meu entusiasmo pela modalidade”, disse agradecida a jovem ginasta.Com o apuramento para o mundial os treinos tornaram-se mais exigentes e mais prolongados, mas isso não tirou vontade de triunfar a Rita Batista. “Quero trabalhar bem para estar em forma na altura do mundial, onde vou lutar para ficar num dos dez primeiros lugares. Esse é o grande objectivo. Vão estar lá os melhores do mundo e tenho plena consciência do meu valor. Sei que dando o meu melhor, e não tendo azar, posso aspirar a algo mais”, garante a jovem ginasta, mostrando bem que tem os pés bem assentes no chão.Os pais são tão exigentes nos estudos como na ginásticaA aluna da Escola Ginestal Machado, Rita Batista tem uma opinião corajosa sobre o ensino de hoje em Portugal. Para ela a organização na educação escolar não é a melhor. “Aceito que não é fácil lidar com a forma de estar de muitos alunos. Na altura do sétimo e oitavo ano fiz parte de turmas que davam muito trabalho aos professores. Mas também reconheço que há muitos professores que não têm grande paciência para saber cativar os alunos para os seus métodos de ensino”, disse, acrescentando que é ao Ministério da Educação que têm que ser assacadas mais responsabilidades. “Não podem continuar a tratar os professores da forma que tratam, é um desrespeito total pela profissão, e isso tira autoridade aos professores”.No que diz respeito aos seus pais são tão exigentes nos estudos como na ginástica. “São muito meus amigos, vibram tanto com as minhas vitórias, como quando chego a casa com boas notas e estão sempre a fazer-me ver que não posso descurar os estudos porque isso é muito importante para o meu futuro”, disse Rita Batista.“Os meus pais acompanham-me para todo o lado, quando entro em competição em Portugal, e exultam quando venço ou faço uma boa classificação. São muito importantes na minha carreira. O meu pai ninguém pára até assiste à maioria dos meus treinos. Sinto um grande amor da parte deles e eu tento retribuir da melhor forma também com muito amor e com o melhor desempenho possível nos estudos onde, até agora, as coisas até têm corrido bem”, garante a jovem ginasta.Arquitecta ou designer e os Jogos Olímpicos são sonhos a concretizarRita Batista vive numa região onde nasceram alguns dos melhores atletas da modalidade de trampolins e pensa que é da quantidade e da competição que vem a qualidade. Admira muito o seu amigo Diogo Ganchinho, mas aponta para o “excelente” trabalho desenvolvido pelos treinadores e das boas condições de trabalho para que a região seja na realidade uma das mais categorizadas do país.Aponta a falta de apoios para que não apareçam ainda mais jovens com qualidade. “O nosso principal apoio é o patrocínio dos pais. Vou agora para um estágio na Bélgica e depois para o Mundial e as despesas são quase na totalidade suportadas pelos meus pais”, aponta Rita Batista.É por isso que tenta a todo o custo corresponder com boas notas nos estudos e boas classificações nas provas em que participa. Rita Batista também quer concretizar alguns sonhos. “Quero ser arquitecta ou designer, estudo para isso. E sonho com uma participação nos Jogos Olímpicos. Sei que não são tarefas fáceis, mas estou cada vez mais disposta a lutar por isso”, garante.Esses sonhos e trabalhos não evitam nem restringem a sua vida particular. Rita Batista garante que tem uma vida normal como qualquer jovem da sua idade. “Nunca fui muito de sair à noite, gosto de conviver com os meus amigos, que afinal estão em grande parte na ginástica. Gosto de estar no campo, nas férias gosto de ir pelo menos uma semana para casa dos meus avós que vivem na aldeia de Correias, Rio Maior. Mas também não dispenso os habituais quinze dias de praia com os meus pais”.

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