
Pivô continua a regar casa de habitação e dona volta a queixar-se à polícia
Na madrugada desta segunda-feira, a moradora voltou a sentir os efeitos do jacto de água projectado contra as paredes, janelas e telhado da sua casa. Os danos na moradia vão-se acentuando.
A proprietária do Casal de Mata-o-Demo voltou a apresentar queixa na PSP de Santarém no dia 18 de Julho, pelos danos que um pivô de rega instalado num terreno confinante tem causado na sua moradia. Nem as queixas e telefonemas para a polícia nem o “burburinho” causado pelas notícias e vídeo publicados por O MIRANTE há duas semanas alteraram o cenário, pois, após alguns dias de acalmia, na madrugada desta segunda-feira, 22 de Julho, Teresa Longo voltou a sentir os efeitos do jacto de água projectado contra as paredes, janelas e telhado da sua casa. Nessa manhã eram visíveis bocados de reboco caídos no chão, que ainda se apresentava húmido devido à acção do pivô de rega, que estava parado a essa hora. Desde Maio último que a água proveniente do pivô instalado em terrenos agrícolas da Quinta de Mata-o-Demo recomeçou a atingir a casa, que aos poucos vai ficando com a fachada descascada, fissuras nas paredes e sinais de humidade no interior. Fonte do comando distrital da PSP diz que a situação não parece ter contornos criminais e que pouco se pode fazer para além do registo da queixa e procedimentos da praxe, que passam por ouvir as partes e eventualmente encaminhar o caso para o Ministério Público. E diz que a resolução do problema passa sobretudo por uma questão de bom senso. Até à data, Teresa Longo garante que não foi chamada para prestar declarações e diz que tem sentido pouca vontade por parte da polícia em ajudar a resolver a situação. Um processo em tribunal movido por ela podia ser outra solução, mas a queixosa tem evitado tomar essa decisão devido às despesas que implica e porque ainda tem fresco na memória o que teve de penar na justiça para despejar os antigos inquilinos. Teresa Longo comprou o casal, próximo de Perofilho, nos arredores de Santarém, em 1999 mas só passou a habitá-lo em Setembro de 2012, após conseguir despejar os inquilinos. Só em Maio deste ano, quando o vizinho recomeçou a regar os terrenos adjacentes à sua propriedade, é que se apercebeu bem dos danos causados pelo pivô que passa junto à sua propriedade.Diz que tentou resolver as coisas a bem falando com o vizinho, mas de nada valeram os esforços. O dono do pivô, aliás, refuta as acusações de que é alvo e disse a O MIRANTE,quando foi contactado sobre o assunto há cerca de três semanas, que as queixas “não têm cabimento” e que a sua vizinha “implica com tudo”. Manuel Carreira admitiu apenas que quando o vento está de norte possa cair “alguma neblina” no terreno da queixosa devido à acção do pivô, mas garante que “não é projectada água para aquilo que é dela”.Só que as imagens registadas pela queixosa e que O MIRANTE publica demonstram que essa versão peca por defeito e que a “neblina” de que fala o proprietário da quinta mais parece um valente aguaceiro. Teresa Longo acredita que a acção do vizinho se deve à sua recusa em lhe vender o seu casal, um terreno com quase um hectare junto à A1 que se encontra rodeado em toda a sua extensão por terrenos do mesmo proprietário que tem ali também instalada uma vacaria.Um portão no meio da ruaA acção do pivô não é a única situação a motivar queixas de Teresa Longo. Em Setembro de 2012, a professora queixou-se à Câmara de Santarém de que o seu vizinho montou um portão na rua do Rosário, que serve os terrenos da Quinta de Mata-o-Demo e constitui o único acesso à sua casa, alegando que essa artéria é pública e, como tal, não pode ser vedada.A autarquia, através dos seus serviços de fiscalização, que se socorreram de um parecer jurídico, alegaram que o pedido de instalação do portão podia ser deferido pois não ficou provado que o caminho era público. E acrescentava-se que “a existir servidão constituída a favor de outros proprietários, a implantação do portão não perturbaria o exercício desse direito, pois é sempre possível os vários utilizadores disporem da chave do referido portão”.Nas conclusões, a fiscalização municipal sublinhava que, “a existir servidão de passagem, o proprietário do portão não poderá impedir a passagem do proprietário desse prédio”, ressalvando no entanto que o entendimento sobre essa matéria deverá ser entre as partes “nada tendo a câmara municipal com o assunto”. E concluía-se que, “caso não cheguem a entendimento, o reclamante poderá sempre intentar acção junto dos tribunais comuns”.Essa argumentação foi contestada por Teresa Longo que, em Outubro de 2012 responde aos serviços municipais (com conhecimento para o vereador do pelouro e para o presidente da câmara) dizendo que as conclusões da autarquia baseiam-se em informações incorrectas. E, entre outras questões, deixa algumas perguntas pertinentes: “Como é que alguém pode alegar que não está provado que o caminho é público se tem nome de rua atribuído pela própria Junta de Freguesia da Várzea, números de porta e iluminação pública?”. Até à data não obteve respostas.Mata-o-Demo: um topónimo estranhoO topónimo que dá nome à quinta e aos Casais de Mata-o-Demo é invulgar e, pelos vistos, as suas origens perdem-se no tempo. Teresa Longo não sabe de onde surgiu o nome Mata-o-Demo. O proprietário de uma quinta vizinha, o ex-vereador da Câmara de Santarém Hermínio Martinho, também desconhece as suas origens. E a esposa de um dos proprietários da quinta, que ali vive há mais de 30 anos, também não conhece a sua proveniência, mas provavelmente o nome será bastante antigo, já que a casa da quinta é datada de 1748.

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