“Os nossos clientes são os nossos apóstolos”
Júlio Figueiredo, 42 anos, Optometrista, Tomar
Não usava óculos em jovem mas a curiosidade de saber mais sobre o sentido da visão levou-o a tirar o curso de Física Aplicada, no ramo de Optometria. Em 1996, após seis meses a estagiar na MultiÓpticas, uma conceituada marca de serviços ópticos nascida em 1987, fica a trabalhar na empresa como optometrista principal. A vontade de ter o seu próprio negócio, a par da sócia Carla Dias Crispim, trouxe-o até Tomar em 2001. Casado e com dois filhos, é uma pessoa muito positiva e que trabalha para realizar os seus sonhos.
Os meus avós usavam óculos de armação em massa com lentes muito grossas. Quando tinha 15 anos, o meu avô partiu os óculos e uma das lentes partiu-se e cortou-lhe o olho todo. Esta situação fez-me questionar como é que algo tão simples poderia provocar algo tão complicado. Foi como que um sinal. O meu tio tinha uma Óptica, em Castelo de Paiva, onde tenho raízes, e comecei a questioná-lo. Só quando acontecem pequenos azares é que damos valor à visão. É, dos cinco sentidos, aquele que nos permite ver o mundo, as pessoas, sentir emoções. É algo extraordinário.Sempre fui bom aluno em Matemática. O curso que fiz tinha uma componente muito vincada de Matemática e Física. Deu-me bases em termos de raciocínio. Tirei Física Aplicada, no Ramo da Optometria na Universidade da Beira Interior, na Covilhã. É um curso de cinco anos e ficamos habilitados a trabalhar na área da Saúde Ocular e aptos a tratar tudo ao nível da refracção. Fazemos exames visuais e temos a capacidade de detectar doenças que as pessoas possam ter, encaminhando-as para o oftalmologista.A MultiÓpticas deu-nos bagagem e confiança para abrirmos o nosso negócio. Seis meses após o estágio já trabalhava como Optometrista principal na MultiÓpticas. Comecei a estagiar em 1996 e, como a empresa estava a crescer, fiquei a trabalhar na loja do Rossio. Durante cinco anos estive na loja do CascaisShopping. Era o responsável pela área da Optometria e da Contactologia, formava os novos colaboradores e andava de loja em loja na zona de Lisboa a completar a formação dos colaboradores e tirar dúvidas. Entretanto conhecia a minha sócia, Carla Dias Crispim, que acolhi durante a formação, falámos e vimos que tínhamos em comum o desejo de abrir um negócio.Quando vim para Tomar ia à rua buscar as pessoas para virem conhecer a loja. Viemos à aventura, com a paixão própria que caracteriza os jovens. Foi em 2001 que surgiu a oportunidade de abrir na cidade, uma terra bonita que pouco conhecia na altura mas da qual gosto imenso. Abrimos a Loja MultiÓpticas, na Alameda Um de Março, a 5 de Abril. Foi um grande desafio porque tínhamos concorrentes fortes. Demos o nosso melhor e os nossos clientes também nos ajudaram.Tenho a certeza absoluta que a nossa equipa é que faz a diferença. Fazemos com que sintam que isto também é deles. Somos exigentes mas também estamos lá para os ajudar. Importante são as pessoas e temos que praticar isso no dia a dia. Se possível, tentamos que o cliente saia da loja sempre encantado e com um sorriso maior do que aquele que trazia à entrada. Depois de Tomar, já abrimos lojas MultiÓpticas em Ourém, Abrantes, Entroncamento e muito recentemente em Torres Novas. Actualmente somos vinte na empresa. Os nossos clientes são os nossos apóstolos.Todos nós temos uma função social. Um dia descobri, através de um exame optométrico, que uma cliente tinha pouca visão num olho, achei que podia ser grave e encaminhei nesse mesmo dia para Coimbra, tratava-se de um cancro. Neste caso evitamos males maiores. Fazemos também rastreios visuais e ajudamos instituições a apoiar famílias que não têm capacidade para pagar óculos. A palavra crise faz parte da lista das nossas palavras proibidas, tal como impossível ou nunca. Sabemos que o país atravessa um momento difícil, que as pessoas estão pouco confiantes no futuro e, nesse sentido, temos que ser ainda mais confiantes, transmitir segurança e profissionalismo. A MultiÓpticas também nos ajuda. É uma marca líder em Portugal com 155 lojas e cerca de 700 colaboradores, estima criar 100 novos postos de trabalho até 2015.As manhãs de domingo devem ser bem aproveitadas. Sou uma pessoa muito activa. Durante a semana o meu dia começa pelas 09h20 e prolonga-se até às oito ou nove da noite mas, mesmo assim, gosto de me levantar cedo ao fim-de-semana. Gosto de ler e sair. Faço colecção de conchas, pedrinhas, de todas as praias onde vou. Adoro o mar. O trabalho é das coisas mais importantes que tenho, a par da família. Gosto muito de ler e despendo tempo a pesquisar na Internet sobre as novidades na óptica. Sou casado e tenho dois filhos, a Daniela de 13 e o Tomás de 10.Sou uma pessoa honesta, que valoriza muito o trabalho e adora estar com a família. Vejo sempre o copo meio cheio. Cada vez acredito mais, e isto foi um processo evolutivo que fiz, que para estarmos bem as pessoas à nossa volta têm que estar bem. Isso é uma marca. Tento transmitir aos outros energia, satisfação e tento ajudar sempre que há um problema. Nasci no Brasil, em Santos, mas vim para Portugal com seis anos. Já fui de férias à zona do Recife e sinto que os brasileiros praticam mais a alegria no dia a dia que nós.Devemos seguir os nossos sonhos. Para isso, temos que trabalhar mas também temos que desfrutar a vida. Penso que, quando nós conseguimos uma vitória - por mais pequena que seja - devemos sempre celebrá-la. Bater palmas, sorrir e darmos graças por estarmos vivos. Com pequenas coisas conseguimos construir grandes coisas. Temos que ter uma base para o nosso sonho. Para além de ver o negócio crescer sustentado, gostava de, um dia mais tarde, abrir uma padaria. Ainda sinto o cheirinho dos bolos ou da pitada de açúcar da padaria dos meus pais.Elsa Ribeiro GonçalvesRectificaçãoNa edição do dia 18 de Julho, por lapso escrevemos “Ivo Pais” na entrada do texto, quando o nome correcto do entrevistado é “Ivo Paiva”. O sócio gerente e director comercial da empresa Rodalgés também não tem 33 anos, mas sim 31. Ao visado e aos nossos leitores pedimos desculpa.
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