A dois meses das eleições autárquicas e afogada em dívidas, a Câmara de Torres Novas decidiu gastar quase treze mil euros a propagandear as obras feitas durante os mandatos do actual presidente do executivo, o socialista António Rodrigues.Por ajuste directo foram encomendados à empresa Progresso e Vida (Almondina), dois mil exemplares do livro “20 Anos de Obras Municipais”. A informação está disponível no site Base - Contratos Públicos Online. O valor do contrato, celebrado dia 10, é de 12.880 euros e a encomenda deverá estar pronta até ao final de Julho, uma vez que o prazo de execução é de 20 dias.O ano passado o presidente da câmara anunciou que não iria pagar o prémio de dez mil euros do concurso “Maria Lamas”, à vencedora, a investigadora Inês Brasão, por falta de dinheiro. O trabalho daquela professora do Instituto Politécnico de Leiria, uma tese de doutoramento de sociologia sobre as criadas de servir em Portugal, acabaria por ser publicado em livro pela editora Tinta da China com o título “O Tempo das Criadas - A Condição Servil em Portugal 1940 - 1970”.Para além de não ter pago o prémio, a autarquia nem sequer se deu ao trabalho de, até ao momento, contactar a vencedora para lhe dar uma justificação, apesar de uma assessora do gabinete do presidente da câmara ter confirmado, em 20 de Abril de 2012, ao jornal Público, o nome da vencedora e de ter garantido que o prémio iria ser pago e que isso só não tinha ainda acontecido devido à “lei dos compromissos”. “Nunca me foi comunicado pelo Município de Torres Novas o resultado do Prémio Maria Lamas, ao qual concorri nem, por conseguinte, me foi entregue qualquer prémio”, declarou Inês Brasão a O MIRANTE, na sexta-feira passada. A quantia em dívida não consta da lista de pagamentos em atraso apresentada pela câmara para justificar o pedido de empréstimo de 7.481.184, 57 euros, ao abrigo do PAEL (Plano de Apoio à Economia Local).