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Ilídio Lopes deixa direcção da Escola de Gestão de Santarém a meio do mandato

Ilídio Lopes deixa direcção da Escola de Gestão de Santarém a meio do mandato

Professor e investigador concorreu para novo desafio profissional no ISCTE e já informou os colegas da sua saída, que se processará a 22 de Setembro.

O director da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém, Ilídio Lopes, vai deixar essas funções em Setembro, após ter sido escolhido através de concurso para integrar a ISCTE Business School - IUL, em Lisboa, onde irá exercer, a partir de 23 de Setembro, as funções de docente e investigador em regime de dedicação exclusiva. “Depois de 16 anos de dedicação a uma causa, na qual continuo a acreditar, novos desafios cruzaram o meu caminho, os quais decidi aceitar/enfrentar”, explica Ilídio Lopes em informação, em jeito de despedida, recentemente enviada a colegas e amigos.Ilídio Lopes foi eleito director da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém (ESGTS) pela assembleia de escola no dia 5 de Abril de 2011, substituindo no cargo Jorge Faria que esteve quase cinco anos à frente da direcção dessa instituição e se viu envolvido em várias controvérsias ao longo do mandato. O ainda director da ESGTS diz que o que o levou a concorrer para professor do ISCTE, em Lisboa, foi fundamentalmente a proximidade à família, pois reside na Charneca da Caparica, no concelho de Almada. “Vou para o ISCTE através de um concurso para professor auxiliar da minha área, que é contabilidade financeira”, explica a O MIRANTE, acrescentando: “Não ficaria bem com a minha consciência se tivesse um dia uma oportunidade de me aproximar de casa e não o tivesse feito. Essas oportunidades são raras. Mas não tinha grande expectativa de vir a ser uma das pessoas seleccionadas”.Na decisão também pesou alguma desilusão com o rumo que se perspectiva para o ensino politécnico, de desvalorização do seu papel no sistema de ensino superior, e o prestígio da instituição que vai representar dentro de pouco tempo. “Estamos a falar de uma das melhores escolas de gestão do país, integrada no sistema universitário, com uma realidade diferente, quer do ponto de vista da docência quer do ponto de vista da investigação. E um lugar de direcção, por muito que nós queiramos, é sempre transitório. Aliás, não estava nos meus objectivos recandidatar-me”, garante. Pacificação interna foi uma das preocupaçõesA pacificação interna e a abertura da escola ao exterior são imagens de marca do mandato de Ilídio Lopes, que ficou a pouco mais de meio, pois expirava só em Maio de 2015. “Pelo menos durante dois anos e meio conseguiu-se alguma paz social, entre aspas. E isso é inegável. Procurei ser sempre equidistante, envolver todos os agentes. Essa foi uma das minhas preocupações”. Outra foi a projecção da escola no exterior. Após a conferência internacional promovida pela ESGTS no ano passado, está já prevista segunda iniciativa do género em 2014. Ilídio Tomás Lopes nasceu no dia 18 de Janeiro de 1966 na aldeia do Souto, concelho de Abrantes. Viveu com os pais até aos 18 anos, altura em que, após concluir o ensino secundário na Escola Comercial e Industrial de Abrantes, foi estudar Gestão de Empresas para o Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa. Aos 25 anos era o director financeiro da multinacional Polaroid em Portugal e reportava directamente a Madrid, onde se deslocava praticamente de 15 em 15 dias. Esteve no ramo de auditoria interna em várias empresas, uma actividade que diz ser “hostil e complexa” e que lhe influenciou o carácter. Tornou-se mais desconfiado e de “pé atrás”. É professor na ESGTS há 16 anos.Casado com uma professora, também natural da zona de Abrantes, é pai de uma rapariga e de um rapaz. Recentemente foi anunciado como número dois da lista à Câmara de Santarém do movimento independente “Mais Santarém”. O convite que surgiu “do nada” deixou-o “angustiado”, mas decidiu aceitar. “Só aceitei por ser uma candidatura independente. Se fosse partidária não aceitaria”. E se for eleito vereador? “Se isso acontecesse não me iria demitir das minhas responsabilidades. Para mim até seria interessante não quebrar totalmente a ligação com a cidade. Mas no dia 29 de Setembro se verá”.“Politécnico de Santarém precisa de uma liderança forte”Na hora da saída, Ilídio Lopes diz-se desiludido com o rumo que o IPS tem levado, acusando a actual equipa dirigente liderada por Jorge Justino de não ter um projecto de futuro.Ilídio Lopes afirma que leva no coração Santarém e a instituição que serviu durante 16 anos, mas também transporta consigo “alguma desilusão” pelo rumo que o Instituto Politécnico de Santarém (IPS) tem levado. É por isso que diz esperar que das próximas eleições para a presidência do IPS saia uma “liderança forte” que “afirme de uma forma muito assertiva o instituto”.Na sua opinião, da parte da actual equipa dirigente do IPS, liderada por Jorge Justino, “não tem sido garantido o apoio, o suporte, a ligação às unidades orgânicas”, ressalvando que fala por experiência própria no que toca à sua escola. “Mais do que uma relação próxima é preciso afirmar determinadas posições, definir determinado rumo ou determinada estratégia que possa tornar a instituição forte. Não sinto que estejamos perante uma gestão com projecto de futuro, que julgo ser necessária”, acrescenta.Num quadro de grande concorrência no ensino superior, e quando se fala em fusões e extinção de instituições, Ilídio Lopes considera ser fulcral que o IPS saiba fazer valer os seus pontos fortes. “Por isso é que digo que a partir de Fevereiro, quando houver uma nova presidência para o instituto, espero que o IPS se reinvente. Espero que possam aparecer pessoas com visão de longo prazo que possam afirmar a instituição e a cidade quer no seio desta região administrativa, que engloba também os politécnicos de Tomar e de Leiria, quer no seio do que é o ensino politécnico”.Na opinião de Ilídio Lopes, esse projecto não deve passar pela actual equipa. “O reinventar do Instituto Politécnico de Santarém passa por outras pessoas também. Pessoas com uma perspectiva diferente, independentemente das idades. Acho que as pessoas para este tipo de cargos devem estar preocupadas com o projecto de ensino, com o projecto institucional. Não devem ser factores financeiros ou de carreira a nortear essa candidatura”, afirma.Ilídio Lopes diz que não tem nomes em mente e garante que nunca esteve interessado em suceder a Jorge Justino. “Há meses especulou-se que eu poderia ser um dos candidatos, mas isso nunca esteve na minha mente. Nunca foi meu objectivo candidatar-me à presidência do IPS nem estaria disponível para qualquer cargo de direcção”, diz, afirmando que vai acompanhar o processo eleitoral para o IPS à distância. Até porque diz acreditar no projecto da ESGTS e do IPS, “com lideranças fortes e desprovidas de motivações” que não sejam exclusivamente as de pugnar pelo desenvolvimento do ensino superior na região. “Penso que existem pessoas em cargos dirigentes cujas motivações são financeiras, são de percorrer um caminho até à reforma. Eu refuto totalmente essa ideia. Não foi com esse espírito que vim para a direcção da escola. A tranquilidade com que cheguei é a mesma com que me vou embora. Deixo Santarém com um carinho muito grande e consciente que durante estes dois anos e meio contribuí positivamente quer como docente quer como director”, conclui.Saída motiva eleiçõesIlídio Lopes deixa a Escola Superior de Gestão oficialmente no dia 22 de Setembro. Após a sua saída a sub-directora Carla Vivas assume a direcção e posteriormente a assembleia de escola em conjugação com o presidente do Instituto Politécnico de Santarém (IPS) desencadeará o processo normal de eleição de um novo director.
Ilídio Lopes deixa direcção da Escola de Gestão de Santarém a meio do mandato

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