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Festas de Vialonga devem continuar haja crise ou não

Mesmo em tempo de crise quem vive em Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira, considera que o investimento nas festas não é dinheiro mal gasto. Apesar de alguns entenderem que se deve ponderar bem, o certo é que ninguém gostava que os festejos acabassem. As festas da vila são um ponto de encontro de amigos e familiares e uma forma de também se esquecer por momentos as dificuldades da vida.

As festas unem a populaçãoSebastião Guterres, 22 anos, técnico de próteses dentárias e estudanteAs festas populares são o ponto de encontro com velhos colegas da escola e com os amigos que emigraram e que voltam nesta altura. É desta forma que Sebastião Guterres define as festas da sua terra, realçando que são um ponto de união da população. “É questionável o dinheiro que se gasta na organização do evento mas não nos podemos esquecer que é assim que damos a conhecer a região”, explica. Nesta edição, está interessado na actuação dos Kumpania Algazarra. Planeia deslocar-se todos os dias e aproveitar o facto de estar de férias. Para o jovem o que falha em Vialonga é a rede de transportes pois apesar de estar bem planeada, os horários deviam ser alargados. Trabalha em Vialonga e estuda em Lisboa e garante que “se existissem mais transportes directos para Vialonga, evitava andar de carro”.“A crise não quebra a tradição” Mário Jorge, 70 anos, reformadoPara Mário Jorge as festas são uma tradição que não pode ser quebrada pelas dificuldades económicas e financeiras actuais. Diz que apesar de o país estar num momento complicado, as tradições fazem com que se ganhe positivismo e alegria. “Não nos podemos esquecer quem somos e onde vivemos”, explica, e sublinha que para os mais velhos, é o acontecimento do ano. É um espectador habitual nas festas em honra de Nossa Senhora da Assunção e o que gosta mais é o espírito festivo com que se vive a data. Este ano não vai perder a noite de fados e já é hábito acompanhar a esposa na procissão que este ano se realiza no dia 15 de Agosto. Em relação a Vialonga, o reformado diz que tem evoluído bastante em termos de construção e redes de transporte porque antes estavam isolados tanto de Lisboa como de Vila Franca de Xira. Festas são um ponto de convívioLuísa Domingos Alves, 49 anos, empregada fabrilOriginária da Guiné-Bissau, Luísa Domingos Alves garante que já ninguém a tira de Vialonga. É uma presença assídua nas festas populares e na procissão. Para a empregada fabril os festejos são uma forma de compensar o trabalho árduo de uma semana e a oportunidade perfeita para se divertir com a sua família e os amigos. “Este ano ainda vai ser mais especial porque tenho que ajudar uma prima minha que vai ter um quiosque de comes e bebes no recinto”, explica. Considera que a crise não deve ser desculpa para não se fazerem festas. A guineense mora na vila há 19 anos e confessa que no início foi difícil adaptar-se. “Vialonga tinha má fama e havia muita criminalidade”, comenta. No entanto diz que hoje é uma boa terra para se viver. “Falta vida a Vialonga” Catarina Ribeiro, 22 anos, estudanteEspaços de diversão nocturna e uma piscina municipal são as coisas que Catarina Ribeiro sente que mais faltam em Vialonga. “Sempre que quero ir beber um café a horas mais tardias tenho que sair da vila” afirma a jovem de 22 anos. Considera que se forem construídas umas piscinas estas vão ter rentabilidade já que prevê uma grande adesão dos habitantes. Costuma passar pelas festas da vila para “comer um churro ou algodão doce”. Entende que é necessário existir pelo menos uma vez por ano uma iniciativa que ofereça música e baile. Conclui dizendo que numa época de crise deve continuar a existir festas mas não se deve gastar muito dinheiro na sua organização. “Vialonga tem tudo o que preciso” Fernando Alves, 60 anos, electricistaA residir há 20 anos em Vialonga, Fernando Alves diz que tem na localidade tudo o que precisa, elogiando o progresso da terra nos últimos anos. Uma das suas maiores preocupações eram os espaços verdes mas hoje considera que a freguesia está bem servida de áreas pedonais e jardins e que são bem tratados. “Vialonga é uma zona sossegada”, frisa o electricista. É cristão evangélico e não tem por costume ir às festas. “No máximo passo por lá para comprar uma fartura”, admite. No entanto, vive junto ao recinto das festas e vê bastante gente a sair dos festejos a partir da sua varanda. Julga que as tradições são essenciais para manter a cultura.Uma questão de identidade Fernando Melo,44 anos, mecânicoFernando de Melo nasceu em Angola e vive em Vialonga há 18 anos. Considera que a comunidade africana está bastante presente e integrada na freguesia admitindo que se ganharam novos costumes mas que se manteve a identidade do povo. Assegura que Vialonga é uma terra “pacífica e com menos criminalidade”. As festas de Agosto são uma montra dessa realidade diz o angolano, pois é possível assistir às tradições portuguesas, como por exemplo os ranchos folclóricos, mas também à cultura africana com a actuação de grupos de música e dança. “Há muito tempo que oiço os Tabanka Djazz”, diz acrescentando que vai assistir ao concerto no dia 16. Fernando é católico praticante e devoto de Nossa Senhora da Assunção. Costuma ir às festas para “beber um copo e estar com os amigos”. Pensa que o dinheiro gasto é um bom investimento porque se trata de uma ajuda ao comércio e as bandas locais.

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