uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Amizade

“Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!” Fernando Pessoa

A amizade é provavelmente um dos nossos maiores bens. Tudo vai e vem, mas não os amigos, estão no nosso coração, fazem parte de nós. Podemos não o saber, mas todos, uns mais que outros, sentimos que os amigos funcionam como catalisadores dos nossos recursos emocionais. Sem eles entraríamos em estados de saturação emocional. As nossas emoções precisam de ser renovadas e essa renovação dá-se quando encontramos pessoas com quem criamos laços de afinidade, intimidade e cumplicidade, com quem vivemos experiências e partilhámos momentos. Estas pessoas são os nossos amigos, um dos pilares mais importantes da felicidade.Primeiro devemos ser amigos de nós mesmo, garante-nos a boa qualidade de vida que todos almejamos e que está mais na nossa mão do que possamos supor. O nosso modo de vida, cada vez mais acelerado, muitas vezes para coisa nenhuma, afasta-nos do essencial, primeiro de nós próprios – não temos tempo para nós – e, de seguida da família e dos nossos amigos. Ignoramos os nossos vizinhos, não temos tempo para eles e suspeitamos que eles não têm tempo para nós. Lembra-se da importância do vizinho na vida do bairro/rua?Sentimos que houve uma visível mudança em relação aos laços de amizade. Alguns psicólogos afirmam que a amizade passa por uma grande crise de identidade. No passado, os melhores momentos aconteciam na companhia da família, em aniversários, casamentos, festas de Natal e almoços de domingo, etc.; hoje, estamos fechados em nós próprios, em problemas que retroalimentamos, a família está longe. Apesar de tudo, os amigos estão mais à mão, são o porto mais seguro. Amigos para a diversão, para fazer coisas juntos, trocar experiências e conselhos, sem que haja um pacto de sangue envolvido, tornou-se algo extremamente desejável. Lamentavelmente, estamos pouco tempo com os nossos amigos, a estatística diz que passamos apenas 10% do nosso tempo eles. Para a criança, os amigos da rua, do colégio ou do bairro são tão fundamentais na formação do seu caráter quanto a escola ou a família. Eles funcionam como um ponto de referência importante quando se está a formar uma maneira própria de ver o mundo ou de enfrentar situações novas.Pratique a partilha, mude alguma coisa, pouco que seja, sem qualquer custo, e veja a diferença. Já reparou que um “bom dia” ou “boa noite” nada custam? E quanto valem? Muitos dos que nos rodeiam vivem terrivelmente sós, especialmente nestes tempos muito difíceis, nada custa uma palavra que pode ter um efeito muito positivo para quem recebe, mas também para quem dá.Aposte mais nos amigos e verá que vale a pena. Carlos Alberto CupetoProfessor na Universidade de Évora, cupeto@uevora.pt

Mais Notícias

    A carregar...