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Magano Manuel Serra d’Aire

A divisão administrativa do território nacional é uma coisa estrondosa e que me deixa embasbacado. E no turismo, então, é de bradar aos céus. Em meia dúzia de anos, os concelhos do distrito de Santarém estiveram primeiro divididos entre as regiões de turismo dos Templários, do Ribatejo e de Leiria-Fátima, depois integraram a entidade regional de turismo de Lisboa e Vale do Tejo (superiormente dirigida por esse mundialmente desconhecido ex-autarca de Alpiarça chamado Rosa do Céu), e agora estão divididas entre as entidades de turismo do Centro (no caso do Médio Tejo) e do Alentejo (no caso da Lezíria do Tejo).É um bocado confuso, é verdade, mas na prática tudo isto é como o “melhoral”, não faz bem nem faz mal. Porque, na verdade, pouca gente consegue perceber o que têm feito as sucessivas regiões de turismo pelo dito na nossa região, para além de arranjarem uns tachos bem remunerados a gente que se fartou do stress da política. Diria mais: as regiões de turismo têm sido uma espécie de recanto paradisíaco, daqueles anunciados com cartazes vistosos pelas agências de viagens, onde se refugia quem quer passar uns anitos no remanso da discrição, entre viagens, almoços e reuniões que servem para dar a impressão de que realmente se está a tentar fazer alguma coisa. Aliás, as reuniões são, em si, uma instituição nacional que o país acolhe com carinho, tal como o Eusébio, o Tony Carreira ou o Alberto João Jardim. Há uma espécie de pacto subliminar entre os portugueses para aceitarem como válidas e profícuas as horas a serrar presunto que, na maior parte das vezes, servem apenas para fazer horas para o almoço ou para o jantar sem que se fique com problemas de consciência por se ter estado na sorna. Basta lembrar as célebres reuniões entre PSD, o PS e o CDS, em Julho, na busca de medidas de consenso que levassem à salvação nacional. Foi mais uma perda de tempo, pois toda a gente sabe que isto (tal como eu) não tem salvação! O presidente da Câmara do Entroncamento, Jaime Ramos (PSD), foi nomeado presidente do conselho de administração da Fundação Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado. O Governo nem deixou o mandato autárquico chegar ao fim para garantir outra presidência ao autarca, que assim é poupado à angústia da incerteza do pós-eleições autárquicas.Aliás, acho que todos os autarcas que agora cessam funções por força da lei de limitação dos mandatos deviam ter já à sua espera um cargo à altura do seu estatuto. Posso até dar algumas sugestões para ajudar. O presidente de Torres Novas António Rodrigues devia ser investido embaixador em Timor Leste; o presidente da Barquinha Miguel Pombeiro daria um bom apresentador do programa televisivo da Disney, Art Attack; e a presidente Anita de Salvaterra de Magos merecia um alto cargo no grupo Isabel Queiroz do Vale Cabeleireiros.É injusto que esses e muitos outros autarcas que tanto deram de si aos seus concelhos e ao país tenham agora de sair pela porta dos fundos e de voltar ao triste quotidiano das suas profissões. Até porque muitos deles, provavelmente, já nem se lembram muito bem do que faziam antes...E com esta me vou, pois tenho ao lume a carne de porco à alentejana.Respeitosos cumprimentos do Serafim das Neves

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