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Artesão constrói barco para a procissão fluvial das festas de Póvoa de Santa Iria

Artesão constrói barco para a procissão fluvial das festas de Póvoa de Santa Iria

Saveiro feito por Alfredo Vicente Fernandes vai transportar imagem de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo

Na procissão da noite de 31 de Agosto vão participar cerca de 30 embarcações que serão abençoadas pelo pároco da freguesia.

Alfredo Vicente Fernandes, 64 anos, é um avieiro da Póvoa de Santa Iria que além da arte da pesca tem o talento para construir barcos tradicionais de pesca do rio Tejo - os saveiros. A reconstrução do saveiro da Associação Cultural Avieiros da Póvoa de Santa Iria (ACAPSI) é o seu mais recente trabalho e pode ser visto durante a tradicional cerimónia religiosa da bênção dos barcos, marcada para as 22h00 de dia 31 de Agosto, integrada nas festas da localidade em Honra de Nossa Senhora da Piedade. O barco, que irá transportar a imagem de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo, está em exposição junto à sede da instituição até ao dia da procissão fluvial. Foi nas novas arrecadações dos pescadores da renovada frente ribeirinha da Póvoa de Santa Iria que Alfredo Fernandes, também conhecido por “Calão”, construiu o saveiro. Além dos barcos verdadeiros, com oito metros de comprimento, o artesão também faz réplicas com um metro. Na viagem inaugural o barco feito para a associação será acompanhado por 30 embarcações tradicionais e de recreio. Os barcos vão percorrer toda a renovada frente ribeirinha entre a praia dos avieiros e a sede da ACAPSI. No barco da associação seguirá a imagem da padroeira dos avieiros e o casal de pescadores João Mira Letra e Conceição Letra, trajado de forma tradicional. A bênção dos barcos será feita pelo padre da freguesia, António dos Santos. Noutro barco segue a imagem da padroeira da Póvoa de Santa Iria, Nossa Senhora da Piedade. Alfredo Fernandes é um autodidacta na construção de barcos. Não faz grandes cálculos, apenas precisa de um lápis para ir assentando os pontos até onde tem de desbastar a madeira e pregar os pregos. “Pelo que sei sou o único a fazer este tipo de trabalho aqui na área do concelho de Vila Franca de Xira”, realça. Todos os saveiros são feitos à base de madeira de pinho. Levam centenas de pregos. Uma mistura de cola branca com serradura ajuda a tapar pequenas fissuras e a revestir o casco, enquanto as tintas embelezam e isolam a madeira da água. Um barco típico avieiro pode levar um mês a construir.O avieiro não sabe ler nem escrever e, por isso, não costuma deixar qualquer marca, registo ou data nas peças que cria. Os nomes, características e tempos ficam na sua memória ou não tivesse ele as réplicas em sua casa, em cima de móveis, mesas e guarda-fatos, como peças de exposição. “Deixo tudo para os meus filhos, que eles não me perdoavam”, salienta quem nunca pensou em fazer dinheiro da venda das réplicas. Quando a nova sede da ACAPSI estiver concluída as réplicas dos barcos vão ficar nas instalações em exposição.
Artesão constrói barco para a procissão fluvial das festas de Póvoa de Santa Iria

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