Aos 93 anos, Maria dos Anjos Vicente ri a bom rir sempre que disparamos a máquina fotográfica. “Foi a primeira vez que me tiraram fotografias sem ser para o bilhete de identidade”, explica no salão da Sociedade Instrutiva e Recreativa Vilanovense, em Vila Nova de Paialvo, Tomar. Moradora em Delongo, é a conviva mais velha dos mais de trezentos idosos que no dia 1 de Setembro participaram num almoço que a Junta de Freguesia de Paialvo organiza há vinte anos consecutivos. Raramente sai de casa sem ser para ir à horta mas a este convívio não falta. Este ano, nem a ferida que fez na perna esquerda, e que teima em não sarar, a impediu de ir. “Nunca tinha ido ao médico até me acontecer esta miséria. Já era de noite quando me lembrei de ir à horta. Embati numa estaca e fiz um buraco na perna”, conta. Maria nasceu em Vila Nova, naquela freguesia, a 6 de Janeiro de 1920. Não sabe dizer há quantos anos está viúva. Mora com um filho (o outro já faleceu), tem dois netos e dois bisnetos. Depois de casar foi viver para Moscavide mas há trinta anos, por vontade do falecido marido, regressou e dedicou-se à agricultura e criação de gado. Até hoje. “Com esta idade ceifei quase cem fardos de palha”, garante Maria Vicente que confessa beber sempre um copo de vinho à refeição. O segredo, quem sabe, para estar rija como um pêro a caminho de um século de vida. Elsa Ribeiro Gonçalves