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Piropeiro Serafim das Neves

Ando muito desanimado. As coisas boas nunca se passam aqui na nossa região. Começou o ano lectivo e nem uma professora a fazer filmes pornográficos para deleite de pais, encarregados de educação e alunos, como em Mértola. E logo nós que temos aqui centros escolares moderníssimos que dariam muito melhores cenários do que a tal escola...Os nossos autarcas devem interrogar-se sobre o interesse destes investimentos. E os cidadãos também, nomeadamente agora que estamos a uns dias das eleições. Se um Centro Escolar com tudo o que é bom não consegue atrair nem sequer a indústria da pornografia caseira, valerá a pena gastar tantos milhares de euros naquilo??Uma escola que não incentiva os professores a desenvolverem novos métodos pedagógicos; que não inspira os alunos a partirem em busca de novos conhecimentos; que não força os pais a darem bons exemplos aos filhos mostrando-lhes, por exemplo, como pesquisar assuntos de grande relevância na internet, não é uma boa escola. Se não aparece rapidamente um filme ousado no youtube, realizado em instalações dos nossos modernos Centros Escolares, eu vou ficar muito zangado. Estou farto de ouvir falar do “striptease” da professora de Mértola em frente ao quadro da sala de aulas. Quero ouvir falar do Ribatejo, porra! Filmem-me alguém a tentar fazer uma pega de caras na sala de professores. Façam um vídeo de um professor vestido de campino a entrar a cavalo no ginásio. Mostrem ao mundo um aluno glutão a comer um terrina de sopa de pedra inteira no refeitório e a arrotar a seguir, em ritmo hip-hop. Sejam regionalistas...caraças!Por falar em criatividade não posso deixar de destacar o exemplo da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha. A derreter dinheiro ao contribuinte deve ser das mais originais do país. Depois de pagar quase um milhão de euros por uma série de estruturas a que chama esculturas modernas para nos deleitarmos a ver os visitantes a olhar para elas como burros para palácios, agora decidiu comprar dois portões pela módica quantia de onze mil euros, para fingir que protege aqueles pedaços de arte contra o vandalismo.Trata-se de portões que, para além de custarem os olhos da cara, têm a particularidade de poderem ser transpostos sem dificuldade. Como compreendes, tal característica faz com que não seja preciso chamar os bombeiros de cada vez que o encarregado os fecha e deixa as chaves dos ditos cujos, dentro do parque. Nunca me canso de admirar estas pequenas maravilhas da imaginação autárquica. Olha que é preciso muito talento para descobrir estas fabulásticas formas de investimento público. E é uma magnífica herança para o futuro. Imagina o orgulho que não irão sentir os netos, bisnetos e tetranetos destes iluminados, perante as obras deixadas pelos seus avoengos.Deixei para o fim a resposta ao pedido que me fazes de avaliação artística dos teus piropos. São todos cinco estrelas, nomeadamente os dois finais, “Se fosses um cubo de gelo derretia-te toda” e “que rica sardinha para o meu gatinho”. Dignos de figurar num manual do piropo nacional ou, em versão Bloco de Esquerda, no Livro Negro da Violência Verbal Sexista. Já agora digo-te que já alguns dos mais bonitos sorrisos femininos que me foram dirigidos, foram provocados pelo meu piropo preferido: “E ainda dizem que as flores não andam”, frase que, como calculas, nunca irei dizer ao João Semedo.Saudações brejeiras doManuel Serra d’Aire

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