Chegou aos 107 anos sem bengala e de boa saúde
Ana Mateus festejou mais um aniversário no domingo, em Foros de Salvaterra, e continua a fazer ginástica todos os dias.
Ana Mateus veste uma saia e casaco preto e uma camisa branca de onde sobressai uma gola com folhos. Nem o colar e os anéis foram esquecidos. Foi a própria quem escolheu a indumentária para vestir no domingo, 15 de Setembro, dia em que comemorou 107 anos. A tarde foi de festa na Casa de Acolhimento de Foros de Salvaterra, concelho de Salvaterra de Magos, onde não faltaram doces e o tradicional bolo de aniversário. Até porque não é todos os dias que se comemoram 107 anos, o que faz de Ana Mateus uma das mulheres mais velhas de Portugal.Antes de cantar os parabéns, Ana Mateus recebeu da proprietária da Casa de Acolhimento, Odete Elias, uma boneca de plástico, com uma saia e top verde, mulata, numa alusão às suas origens africanas. A anciã adorou o presente e diz que vai ficar a enfeitar a sua cama. Na festa estiveram presentes uma das filhas, Cândida, 76 anos, e um dos netos, Nelson.Alta e esguia, Ana Mateus recebe-nos com um sorriso. Sentada no sofá da ampla sala, onde se reúnem todos os idosos, levanta-se sozinha quando lhe pedimos para conversar num espaço mais sossegado. Caminha devagar mas diz que chegou aos 107 anos sem nunca ter usado bengala nem qualquer tipo de apoio. “A bengala é para os velhos”, avisa. Veste-se sozinha e também não precisa de ajuda para tratar da sua higiene diária. Apesar da idade avançada continua a fazer ginástica todos os dias.Ana Mateus nasceu em Angola no dia 15 de Setembro de 1906. Nunca foi à escola e começou cedo a trabalhar com a mãe nos campos africanos. Tem seis filhos (três já morreram), cinco netos, dois bisnetos e vem mais um a caminho. A infância foi dura. Não houve tempo para brincar nem para estudar.Em Dezembro de 1980 veio para junto dos filhos, que já viviam há alguns anos em Portugal, em Porto Salvo (Oeiras). Tinha 74 anos. Há cinco anos caiu na cozinha de casa e partiu o fémur. O neto Nelson conta que nessa altura comprou um andarilho para a avó recuperar da operação. “Está lá guardado para eu usar, talvez. Nunca precisou de apoio. Um mês depois da operação já estava boa e pronta a andar sozinha”, conta o neto. Só há um ano é que veio para a Casa de Acolhimento de Foros de Salvaterra porque a filha também já vai tendo alguns problemas de saúde.Apesar de sempre ter feito uma vida saudável também cometeu os seus pecados que, aparentemente, em nada prejudicaram a sua saúde. Fumou e sempre gostou de beber um copo de vinho às refeições. Também o café com um bocadinho de bagaço é um dos seus prazeres embora agora já não o faça com tanta frequência.O segredo da longevidade é, segundo a filha Cândida, o facto de nunca ter ficado parada e não querer ficar para trás. “Sempre se mexeu muito para conseguir acompanhar os outros. Daí ter tanta energia”, explica.Nunca mais voltou a Angola e diz que Portugal é melhor porque no país onde nasceu teve que trabalhar muito duro e essas memórias não deixam saudades.
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