Academia de Dança do Círculo Cultural Scalabitano forma bailarinos há 58 anos
Alunas receberam e diplomas pelas boas classificações obtidas nos exames da Royal Academy of Dance
As cerca de seis dezenas de alunas da Academia de Dança do Círculo Cultural Scalabitano (CCS) que se submeteram às provas, exames e audições anuais da Royal Academy of Dance receberam as suas medalhas e diplomas, pelas boas classificações, na noite de sexta-feira, 8 de Novembro, no Teatro Taborda, em Santarém. Sentadas nas primeiras filas da sala as bailarinas mais novas eram as mais nervosas e entusiasmadas. Afinal, não é todos os dias que se sobe ao palco para ver o seu mérito reconhecido numa das provas mais exigentes a nível nacional.Os professores São Noronha e Vítor Murta, que actualmente ensinam 70 alunas, dos três aos 17 anos, decidiram criar alguns momentos de dança para abrilhantar a cerimónia de entrega de diplomas e medalhas. As alunas mais velhas mostraram o que valem na dança clássica e não deixaram o crédito por mãos alheias.Margarida Lopes, 15 anos, e Leonor Lopes, 14, ainda não sabem qual será o seu futuro profissional mas têm a ambição de seguir uma carreira ligada à dança. Sabem que viver da dança, sobretudo ballet, em Portugal é muito complicado e já se estão a mentalizar que vão ter que emigrar para lutarem pelo sonho de serem bailarinas profissionais. Maria Inês Roxo tem 17 anos e vive em Almeirim. Entrou para o ballet com seis anos depois de ter aceitado o desafio da mãe para experimentar. Adorou e nunca mais quis outra actividade. Apesar da paixão garante que o ballet vai ser só um hobby. Este ano ainda vai continuar na Academia de Dança do CCS mas no próximo ano, quando entrar para a universidade, não sabe se vai conseguir conciliar tudo. No entanto, afirma que não pretende deixar de dançar.Beatriz Nogueira, 17 anos, começou no ballet do CCS com apenas três anos e meio. A mãe levou-a a ver uma aula e a menina disse que queria dançar. Nessa altura, só se podia começar aos quatro anos. A birra de Beatriz dentro da sala foi tão grande que a mãe teve que lhe fazer a vontade. Nunca mais parou até este ano, porque quer empenhar-se mais na escola agora que frequenta o 12º ano. “Como não quero progredir mais parei. A dança vai ser sempre um hobby. Até hoje não houve um único dia da minha vida que não dancei”, confessa.Todas concordam que na Academia de Dança não aprenderam só a dançar. Aprenderam também a ser as jovens mulheres e a trabalhar em equipa e a ajudarem-se umas às outras. “A São e o Vítor ensinaram-nos muita coisa e preparam-nos para a vida”, concordam.“Quem quer ser bailarino profissional deve emigrar”Encarnação Noronha, mais conhecida por São, e Vítor Murta são casados e partilham a paixão pela dança. São professores na Academia de Dança do CCS há 27 anos e desde 1991 que são formadores da Royal Academy of Dance, uma prestigiada academia de dança inglesa. O CCS ensina ballet e forma bailarinos há 58 anos. São Noronha começou a aprender ballet com sete anos no CCS. Vítor Murta está ligado ao CCS desde os 18 anos. Também foram campeões nacionais de trampolins. Mais tarde foram assistentes do apresentador de televisão Carlos Cruz no conhecido concurso “1,2,3” e trabalharam com Filipe La Féria no espectáculo “A Ilha do Oriente”. O casal de professores admite que o ballet é uma dança muito exigente fisicamente. No entanto, garantem é uma actividade muito completa que ensina e proporciona noção de ritmo, expressão corporal, equilíbrio e coordenação. Ensinam três disciplinas no ballet, nomeadamente danças de carácter, movimento livre e dança clássica. Para seguir a vertente de competição é necessário ter o peso específico e ideal para a idade, abertura e flexibilidade.Neste momento não têm alunos mas já tiveram, embora seja sempre em pequeno número. Os professores não acham que exista preconceito mas na verdade os meninos são normalmente encaminhados para outro tipo de prática desportiva. “Infelizmente o ballet não é uma actividade que seja comum ver, como o futebol, por exemplo, sobretudo em meios mais pequenos. Talvez por isso não haja tanta procura por parte dos meninos”, explicam.São Noronha afirma que em Santarém sempre se aderiu bem a este tipo de dança. Houve anos em que chegaram a ter 210 alunos. Com a crise que se instalou no país, nos últimos anos tem havido algumas desistências. Vítor Murta defende que quem quer viver exclusivamente da dança o melhor que tem a fazer é emigrar. “Em Portugal, a cultura sempre foi o parente pobre e agora com a crise a situação é cada vez pior. Os apoios não existem e é impossível criar companhias de dança para ter bailarinos a tempo inteiro”, afirma. Os professores agradecem ainda o apoio da Câmara de Santarém que sempre que precisam de uma sala e apoio logístico disponibiliza o Teatro Sá da Bandeira e os técnicos que dão uma ajuda preciosa.
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