Um homem em sofrimento carrega nos ombros a imagem de um santo, ladeado por outros que o ajudam. Uma mulher de joelhos beija um terço. A mão de uma crente acaricia a face da imagem do Senhor da Boa Morte. Estes são alguns instantâneos de momentos de fé captados pelas lentes do grupo de fotografia da Sociedade Euterpe Alhandrense. As fotografias estão em exposição no núcleo museológico do Mártir Santo em Vila Franca de Xira até 18 de Maio.São uma centena de imagens captadas com o objectivo de mostrar a fé e a devoção no concelho e na região. O desafio foi lançado pelo município de Vila Franca de Xira ao grupo de fotógrafos da Euterpe. O núcleo completa dois anos de existência no mês de Janeiro e tem cerca de 20 elementos. Nesta mostra participaram dez elementos: Calila Vilares, Diana Martins, Fernando Rodrigues, Hélio Silva, João Miguel, João Pereira, Maria Adélia Santos, Nuno Almeida, Nuno Silva e Rui Santos.“Este é um tema complicado, complexo e abrangente. Como não sou religiosa é mais fácil para mim captar a fé em qualquer coisa, seja uma flor ou uma pessoa”, explica Calila Vilares, 46 anos. Para se inspirarem os membros do grupo consultaram obras clássicas, de pensadores e filósofos. Leonardo DaVinci foi um nome recorrente em todo o processo. “Não nos tomem por arrogantes por transformarmos em imagens aquilo que não se escreve, não se diz e não se lê”, referem os membros do núcleo, uma nota da exposição.João Pereira, 52 anos, tira fotografias desde os 10 anos. Acredita que todos os fotógrafos são homens de fé. “Mais que não seja, temos fé de que a imagem vai ficar boa ou que tirámos a foto da nossa vida. Isso também é ter fé”, refere. Para João Miguel, de 56 anos, a fé é um mundo vasto e demasiado profundo para ser fotografado. “Só mesmo através dos símbolos”, nota. O núcleo de fotografia da Euterpe costuma reunir-se às quintas-feiras em Alhandra, na sede da colectividade, para experimentar ideias e falar sobre fotografia. A exposição, que está preparada para ser itinerante, pode ser vista de terça-feira a domingo entre as 09h30 e as 12h30 e as 14h00 e as 17h30. A inauguração da exposição, no sábado, 14 de Dezembro, contou com a actuação da professora do Conservatório Regional Silva Marques, em Alhandra, Filipa Taipina, na harpa.Uma igreja que virou núcleo museológicoSituada na rua Miguel Bombarda, a igreja do Mártir Santo é hoje um dos núcleos museológicos nobres da cidade. Classificada de valor concelhio, foi fundada pelo rei Dom Sebastião, em 1576, devido à «peste grande» de 1569, calamidade que originou a construção de várias ermidas dedicadas a São Sebastião. Foi adaptada a núcleo museológico em Julho de 2001, contendo no espaço a colecção antoniana de Vidal Baptista, vários registos de devoção e materiais de arqueologia.