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Os alunos foram os primeiros modelos da pintora Filomena Custódio

Os alunos foram os primeiros modelos da pintora Filomena Custódio

Artista plástica inaugurou exposição de retratos que pode ser vista no Fórum Mário Viegas, em Santarém, até 3 de Janeiro
O retrato da estilista portuguesa Ana Salazar é o quadro mais antigo da exposição “O retrato em Filomena Custódio”, inaugurada na tarde de sábado, 14 de Dezembro, no Fórum Cultural Mário Viegas, em Santarém. A autora da exposição, Filomena Custódio, conta que conhecia o pai da estilista, o pintor Óscar Pinto Lobo, que uma vez a visitou em casa da sua mãe e viu alguns dos seus quadros. O pintor ficou admirado por Filomena estar naquela altura sem pintar há já algum tempo. “Foi ele que me levantou a moral para recomeçar a pintar. Eu estava um bocadinho mais em baixo depois de regressar de África”, conta Filomena Custódio.A sua figura fina, loura, de pele clara e serena está retratada em alguns dos quadros em exposição até 3 de Janeiro de 2014. São 44 quadros porque não cabiam mais na sala. São auto-retratos e retratos de amigos. Algumas obras foram cedidas pelos donos para figurarem na exposição. Os retratos mais recentes foram terminados este ano. Filomena Custódio confessa que uns demoram meses a concluir mas existem outros que demoram anos. Tudo isto se deve ao facto de estar envolvida em vários projectos ao mesmo tempo.Filomena Custódio, 77 anos, começou por pintar garrafas de vidro e foi desenvolvendo a arte. Tirou o curso do magistério primário por exigência do pai que queria que seguisse essa carreira. Mais tarde, quando já trabalhava, licenciou-se em História. O seu desejo era ter tirado o curso de desenho, mas o destino não a encaminhou para essa área.Quando começou a dar aulas aproveitava os momentos mais calmos em que os alunos faziam as fichas para os pintar. Pintou “bem mais” de uma dezena de alunos. “Às vezes andava à ‘caça’ para pintá-los”, recorda. O facto de naquela época, anos 60, a fotografia ainda não se ter vulgarizado fazia com que os jovens gostassem de se ver retratados para terem uma recordação da sua juventude. No entanto, não tem um único quadro de alunos consigo. Vendeu-os todos a um inspector escolar que os viu em exposição e os comprou todos.Os quadros estão distribuídos pelas várias paredes do Fórum Mário Viegas. Na parede central destaca-se um auto-retrato de Filomena Custódio, em África, sentada numa rede de pano sendo transportada por dois nativos. A pintora vivia em Cabo Verde quando um dia uns turistas alemães viram a ‘cena’ e avisaram que iam tirar uma fotografia pois estava uma imagem fantástica. “No final pedi-lhes a foto e mais tarde fiz o retrato”, diz.Em 1967 acompanhou o então marido para Angola onde viveram até o 25 de Abril de 1974, com uma passagem por Cabo Verde. Em África deu aulas de História. Teve dificuldade em adaptar-se a dois países com realidades muito diferentes. Quando regressou perdeu uma série de retratos que se extraviaram na viagem para Portugal. Nunca os encontrou mas de alguns ainda tem os originais que a mãe guardou e que Filomena garante que ainda os vai pintar mais uma vez.Já pintou mais de duas centenas de quadros. Acredita que se tivesse ficado em Portugal na altura em que foi para África teria seguido uma carreira na pintura. Mas não se arrepende da decisão que tomou porque diz que aprendeu muito em Angola e Cabo Verde. “Foi uma lição de vida conhecer países tão diferentes do meu”, recorda.Com cerca de três dezenas de exposições já realizadas Filomena Custódio admite gostar muito dos artistas impressionistas como Renoir, Degas, Gauguin. Confessa que aproveita a inspiração para trabalhar mais embora se considere uma artista muito ‘temática’. Já fez exposições tendo como temas a dança, as casas, a guerra, a mulher, a música e agora os retratos. Também escreve poesia e tem planeado publicar o seu livro de poesias que reúna toda sua escrita. Natural de Santarém, onde reside, tem três filhos e dois netos. Os retratos dos netos também integram a exposição.
Os alunos foram os primeiros modelos da pintora Filomena Custódio

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