Miguel Gil Silva
Arquitecto, 28 anos, Chamusca
“Não há nada que me incomode especialmente nos portugueses. Somos por natureza pessoas cordatas e simples. Gostamos de discutir as nossas ideias e aí, às vezes, até exageramos. Eu gosto de expressar as minhas ideias e opiniões, mas isso não é um defeito”* * *“Dou pouco para a agricultura. Os meus avós são agricultores e em pequeno costumava ir com eles para o campo e pensava que andava a ajudar. Mas agora só gosto de ir ajudar a vindimar e depois a fazer o vinho, que ainda é feito de forma artesanal e por isso biológico. É muito melhor”* * *“A vida está difícil para todos e precisamos de contar os cêntimos para ver se chegamos ao fim do mês com alguns no bolso. Por mim, penso que podia poupar alguma coisa no tabaco, porque sou fumador. Mas não é possível exigir que toda a gente deixe de fumar para poupar esse dinheiro”
Tem alguma superstição ou ritual que não dispense?Não propriamente. Mas há uma situação de rotina que não consigo superar. De manhã levo muito tempo a preparar-me para sair de casa. Se tenho que sair à pressa parece que o dia já não me vai correr muito bem.Costuma aproveitar os saldos para fazer compras?Não sou de procurar a época de saldos para comprar alguma coisa que precise. Mas, como é natural, se for à procura de determinada coisa e se estiver em saldo é sempre melhor e compro.O que o incomoda mais no feitio dos portugueses?Não há nada que me incomode especialmente nos portugueses. Somos por natureza pessoas cordatas e simples. Gostamos de discutir as nossas ideias e aí, às vezes, até exageramos. Eu gosto de expressar as minhas ideias e opiniões, mas isso não é um defeito.Qual é a sua viagem de sonho?Dar a volta ao mundo! Já fiz algumas viagens, não tantas quanto gostava. Mas o que me satisfazia efectivamente era dar a volta ao mundo. Visitar Roma, Veneza ou o Rio de Janeiro, mas também ir ao Alasca ou à África do Sul.Se estivesse isolado durante uma semana numa ilha deserta o que fazia?Pensava na vida e andava o mais possível, colocava as ideias em ordem e tentava encontrar novas coisas para a minha vida profissional. E, é claro, perscrutava o horizonte para ver se alguém me encontrava e levava de volta à civilização.Gostava de ter uma horta biológica?Dou pouco para a agricultura. Os meus avós são agricultores e em pequeno costumava ir com eles para o campo e pensava que andava a ajudar. Mas agora só gosto de ir ajudar a vindimar e depois a fazer o vinho, que ainda é feito de forma artesanal e por isso biológico. É muito melhor. Mas uma horta biológica não conseguia criar. O que era capaz de fazer para dar de comer a um filho, se não tivesse dinheiro?Não sei. Sou solteiro e não consigo imaginar o que é ter filhos, muito menos não ter comer para lhes dar. Infelizmente é uma situação que afecta muita gente. Não sei até onde pode ir uma pessoa em desespero.Em que é que se pode poupar para enfrentar a crise?Já não há onde cortar. A vida está difícil para todos e precisamos de contar os cêntimos para ver se chegamos ao fim do mês com alguns no bolso. Por mim, penso que podia poupar alguma coisa no tabaco, porque sou fumador. Mas não é possível exigir que toda a gente deixe de fumar para poupar esse dinheiro. Como é que olha para o comportamento dos portugueses nesta altura de dificuldades?Somos um povo muito pacato que se deixa estar no seu cantinho. Estão a tirar-nos tudo e não se vê grandes manifestações. Infelizmente, somos muito resignados e pacientes. Se tivéssemos um temperamento igual ao dos gregos já tinha ido tudo pelo ar. Cometeu alguns excessos com os doces no Natal e na passagem de ano?Nestas alturas costumo abusar um bocado. Sou um pouco guloso (risos). No Ano Novo vou mais para os petiscos com alguns amigos e não exagero tanto.
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