Ordem de compra do livro “As 50 Sombras de Grey” para todas as bibliotecas
Alberto Mesquita confessa-se surpreendido com o impacto causado pela entrevista de O MIRANTE a Vítor Figueiredo
Depois de muita polémica as bibliotecas do concelho de Vila Franca de Xira vão receber o livro erótico “As 50 sombras de Grey”, da autoria de E.L. James, um dos livros mais vendidos do ano. A ordem de compra foi dada pelo presidente do município após o director da biblioteca municipal, Vítor Figueiredo, ter dito numa entrevista a O MIRANTE que não comprava o livro por ser “intragável”.Em declarações a O MIRANTE Alberto Mesquita confessa que toda a situação foi “pouco ou nada feliz” e mostra-se surpreendido com o impacto que a declaração de Vítor Figueiredo causou. “Não considero que tenha sido um acto de censura, foi de facto uma situação que não devia ter acontecido. Não temos o direito de pôr em causa aquilo que as pessoas pretendem ler. Se há um livro que é muito conhecido e é o campeão de vendas porque diabo é que as nossas bibliotecas não o têm?”, refere o autarca. O presidente da câmara sublinha que Vila Franca é das câmaras que mais dinheiro gasta na aquisição de livros e garante que apesar do mau episódio isso não retira “credibilidade nem experiência” a Vítor Figueiredo, pessoa que Mesquita considera estar a fazer “um grande trabalho” nas bibliotecas do concelho. A posição do bibliotecário foi fortemente criticada por colegas da região e um morador foi à assembleia de freguesia criticar o director. A situação foi usada também politicamente com Rui Rei (Coligação Novo Rumo, liderada pelo PSD) a dizer que se a atitude de Vítor Figueiredo não foi censura, “disso se aproxima”. Recorde-se que em Novembro o director das bibliotecas do concelho admitiu em entrevista a O MIRANTE que não adquiriu o livro, apesar dos pedidos dos leitores, por considerar que estava mal escrito. O livro, que se divide em três volumes, relata as aventuras sexuais de uma jovem inexperiente com um milionário que gosta de sadomasoquismo. Vendeu 250 mil unidades em Portugal e 70 milhões em todo o mundo, rendendo à autora 95 milhões de dólares. Uma polémica que ultrapassou as fronteiras da regiãoA polémica decisão do director das bibliotecas de Vila Franca correu mundo e mereceu opiniões divididas nas redes sociais e na blogosfera. No blog “reencontros-dinamc.blogspot.pt”, Dina Constança Carvalho questiona se o director da biblioteca deveria ou não exercer o direito de rejeitar o livro. “Ou está a praticar um acto de censura camuflada e quer moralizar a sua terra pois, como se sabe, este livro é devorado por mulheres carentes desejosas de serem amadas a preceito?”, escreve a autora. Do outro lado do mundo, no Brasil, o Mural Interactivo do Bibliotecário no Facebook lança o debate em torno da notícia de O MIRANTE: “Até onde pode um bibliotecário vetar o acesso à informação?”Ainda na internet, no blog pessoal de Galeno Amorim, director geral do Observatório do Livro e da Leitura do Brasil (www.blogdogaleno.com.br), o caso serve também de debate. Nadia Hommerding escreve que Vítor Figueiredo “é um cara muito inteligente, pois, pois!”. Mas Hélder Galvão apoia o director português, diz que só porque muitos gostaram isso não significa que outros leiam o livro e até arrisca dizendo que, por cá, tudo não passa “de uma estratégia de marketing” para vender o livro.
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